Procrastinação: “Depois eu faço o que sempre deixo pra depois.”

Por Francisco Roberto de Menezes

Deixar para comprar um presente na véspera, começar a estudar para uma prova difícil no dia de sua aplicação, lavar a louça quando não cabe mais nenhum utensílio na pia, deixar vencer ou pagar boletos no último minuto, começar a escrever um texto várias vezes, realizar um trabalho quando o tempo já está estrangulado ou adiar uma conversa difícil sobre um relacionamento.

Os comportamentos descritos acima, fazem parte da realidade de um número cada vez maior de pessoas e recebe o nome de Procrastinação“. Formalmente o termo procrastinação, pode ser entendido como: comportamento que implica o atraso no início ou término das tarefas ou tomada de decisão, quer o prazo tenha sido estabelecido pela própria pessoa ou por terceiros.

Geralmente adiamos atividades que consideramos desagradáveis, desinteressantes, custosas, que não sentimos bons para executá-las, por perfeccionismo, medo do fracasso ou subestimamos o tempo. Por outro lado, quase não procrastinamos atividades prazerosas, tais como: passear, brincar, comer, beber, assistir filmes, ouvir música, navegar na internet, e assim por diante.

Entretanto cada pessoa tem um repertório específico de atividades que costuma procrastinar. Dificilmente alguém adiaria um encontro com alguém que está afim, mas alguém com timidez excessiva, facilmente evitaria essa situação. Realizar um trabalho escolar difícil, pode ser árduo para muitos jovens, mas alguém que receba muitos incentivos e elogios pode jamais adiar situações desta natureza.

Importante destacar que o hábito de adia tarefas e decisões, não tem a ver com ser preguiçoso ou pouco ambicioso. Pois essas pessoas sofrem muito e gostariam de poder fazer diferente. E mais ainda, as tarefas adiadas quase sempre deverão ser feitas de um modo ou de outro. Posso adiar por muito tempo um conflito com a pessoa amada, mas ou enfrento, ou posso perder todo o tempo e envolvimento emocional investidos. E essa consequência fará sofrer muito mais que a própria tarefa!

E quando esses comportamentos merecem atenção especializada? Um indicador é quando o comportamento de procrastinar gerar sofrimentos, tais como: angústia, perda econômica, ansiedade, instabilidade familiar, estresse, sentimento de culpa, perda da produtividade, baixo rendimento escolar, graves sentimentos de vergonha e de culpa pelo não cumprimento de responsabilidades e compromissos. Para esses casos e outros com consequências mais sérias para a pessoa, a psicoterapia é muito recomendada. A psicologia comportamental entende esse e outros comportamentos de nosso repertório, como sendo aprendido! E se aprendemos a fazer de um jeito, podemos aprender a fazer de outro.

Por fim, e sem a intenção de encerrar aqui esse tema, seguem algumas dicas. Lembrando que não é como “receita de bolo”, a instalação e manutenção deste comportamento são bastante particulares.

Seja menos exigente consigo e perdoe-se. Valorize o lazer. Realize atividades prazerosas diversificadas, é importante recarregar as energias para os momentos de produtividade. Evite remoer os comportamentos de adiamento quando estes ocorrerem, só vai ajudar a ocupar sua cabeça com coisa improdutiva. Paciência! Volte do ponto de onde parou e recomece.

Francisco Roberto de Menezes

Psicólogo, graduado pela Universidade do Oeste Paulista UNOESTE. Especialização em Psicologia: Análise do Comportamento Aplicada (em andamento) pelo Centro Universitário Filadélfia UniFIL.

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