A vida em alguns momentos se assemelha a uma estrada, metaforicamente falando, onde as pessoas tem um conhecimento maior do ponto de partida e pouco sobre onde querem chegar. Se as perguntas “Onde está agora?” e “Onde quer chegar?” fossem feitas nesse momento, para qual teria mais facilidade na resposta? Provavelmente, a primeira geraria uma dúvida, mas brevemente se encontraria um conteúdo satisfatório para a resposta, enquanto a segunda demandaria um tempo maior de reflexão. Afinal, o que espera da sua vida? Quais seus objetivos? Seus sonhos e metas? Caso você queira refletir sobre essas questões, o texto abordará sobre Projeto de Vida e englobará este e outros elementos.
As crianças têm como objetivo o brincar, descobrir, e vivem mais o agora, o presente. Na transição para a adolescência, a busca pela independência traz a sensação de apagar todo o passado e começar a escrever um novo futuro, agora com as próprias pernas, da adolescência para a vida adulta. As preocupações com o futuro, como vestibular, ingressar na faculdade, conquistar uma vaga de emprego, ter autonomia na vida adulta, o trabalho, estudos, família, e enfim, a velhice com aquele sentimento de nostalgia e o foco no passado com certa dificuldade em visualizar o presente e essencialmente o futuro, com a certeza da grande parte das pessoas sobre o fim.
Mas, o que seria respectivamente o fim? Como citado no parágrafo anterior, alçar voos e saber aonde chegar é inerente à idade e está extremamente ligado com a atitude, sendo que em alguns momentos o final pode representar uma vírgula, e não necessariamente uma determinante que acabou e nada mais pode ser alterado. Existem pessoas que sabem exatamente onde desejam chegar, outras apenas tem ideia, algumas pensam brevemente sobre isso e outras nunca pensaram a respeito.
Estruturar o futuro não consiste necessariamente em criar artifícios e preocupações, despertando aquela ansiedade adormecida que fica a todo o momento perguntando se dará certo. Pelo contrário, o projeto de vida visa exatamente a minimização desta, uma vez que saber onde quer chegar é tão valioso quanto o prêmio da loteria na virada do ano. Um exemplo prático: experimente apagar as luzes do local em que reside. Provavelmente você andará com facilidade, mesmo sem enxergar, podendo trombar esporadicamente com algo, mas com certeza conseguirá encontrar a saída. Agora, procure um lugar a que nunca foi antes e faça a experiência desta vez. Percebeu a diferença?
Tudo bem, mas o que isso tem haver com projeto de vida? Tudo! Como saber onde quero chegar, se na verdade, tenho dificuldade de saber até quem realmente sou. Estou deixando as luzes acessas para me auxiliar ou realmente desconheço a mim mesmo? Quantas vezes me esforço para caminhar no escuro e aprender o caminho? Por vezes são usados tantos materiais para otimizar tempo, que tudo é tão rápido, ágil, veloz, que olhar para si mesmo se torna uma tarefa rara. Qual foi a última vez que opinou pró ou contra algum objetivo ou sonho de outro alguém? E agora, qual foi a última vez que decidiu sobre algum sonho ou objetivo seu? Em alguns momentos, se busca tanto o outro, que você pode acabar se tornando um desconhecido de si mesmo.
Em qualquer momento da sua estrada, é possível rever e pensar no que se quer. Normalmente, tem-se o hábito de ver as conquistas das pessoas e pensar que é sorte ou algo nessa linha de pensamento, porque justamente é o que está visível, porém, reúne tantos outros fatores que de primeiro momento não são visíveis. Particularmente, gosto muito de uma imagem que expões um iceberg com a palavra “sucesso” no topo e, na parte de baixo, onde ninguém vê, estão as palavras “esforço”, “disposição”, “sacrifício”, “pontualidade”, entre outros. Isso retrata bem o que foi abordado.
A definição de sorte em alguns dicionários tem como significado risco, assim sendo, até quando realmente só depende da sorte é preciso tomar alguma atitude. A única diferença é que há situações em que, realmente, a passividade é a única alternativa, mas quando é referente à vida, quanto mais ativo em prol do objetivo final, a chance é maior da conquista.
Em suma, supondo que você esteja em uma ilha deserta e tenha como meta chegar à margem da praia, cabe aguardar a sorte de alguém passar ou nadar até o outro extremo. E se eu não souber nadar? Exatamente quando definimos um objetivo, começamos a entrar em contato com nossas habilidades e pontos a se melhorar, explorando e aprimorando esses, a ponto de treinar, por exemplo, o nado próximo da margem até se sentir seguro para a travessia. E se for muito distante? Pensar na construção de uma embarcação e assim por diante, como o próprio nome, um projeto dificilmente é feito do dia para a noite. Ele exige uma série de reflexões, e a primeira delas é o autoconhecimento.
O projeto de vida é a estruturação de todos esses pontos, mas, além disso, é uma visão de 360° da sua própria vivência e objetivos, em que cabe somente a você assumir uma escolha e o caminho que quer seguir. Cito nesse momento uma famosa frase de Jean-Paul Sartre que diz: “A escolha é possível, em certo sentido, porém o que não é possível é não escolher. Eu posso sempre escolher, mas devo estar ciente de que, se não escolher, assim mesmo estarei escolhendo”. Esta frase exemplifica bem o processo. Ao fazer uma escolha e determinar onde se quer chegar, automaticamente estamos disposto a reescolher outros caminhos, procurar atalhos, atribuir a responsabilidade dos atos e até mesmo, em alguns momentos, escolher por não escolher onde chegar, calculando ou não a consequência disso. Dependendo da sua escolha, pode ser necessário fazer um check-list para a viagem mais longa e duradoura até então presenciada – a própria vida – levando consigo a passagem, bagagens e itens importantes e essenciais, de modo que sejam desprendidos os que não têm mais utilidade, conforme o cálculo da duração da mesma e o destino final.
Na sua estrada, é possível colocar placas e sinalizações, inserir pessoas que acredita contribuir na sua vivência, seja impulsionando-o para frente ou tendo a capacidade de auxiliar nos momentos de angústia, agregar os seus objetivos e sonhos, respeitando e permitindo atribuir o começo e fim dela com palavras, termos, metáforas próprias, que façam sentido para si mesmo. Eis que fecho esse texto com uma pergunta, o que tem feito com sua estrada?