COMPORTAMENTO

Psicólogos alertam para angústias com excesso de informação durante pandemia

A quarentena, período de isolamento social necessário para impedir a disseminação do novo coronavírus, têm se mostrado um desafio para a saúde mental da maioria de nós. E algo que só faz agravar a situação é a inevitável exposição à chuva de informações sobre contagens de vítimas fatais e de infectados.

De acordo com a professora de psicologia Tânia Inessa, informações descontextualizadas e em excesso juntamente com a enorme quantidade de notícias falsas podem fazer a situação ainda mais tensa.

“O excesso de informações é angustiante, perturbador. Não dá tempo de elaborar, de se posicionar. Quando vemos as fake news (notícias falsas), que passam informações incorretas e prometem tratamentos mentirosos, chegam a ser criminosas. Trazem sofrimento para um momento que já é muito difícil”, esclarece.

“É preciso eleger canais de informação e restringir quanto tempo se passa vendo essas informações, por que se não se torna um espiral de angústias”, afirma Tânia Inessa.

A psicóloga Bruna Christina alerta para as consequências à saúde mental que o excesso de informação pode trazer. “Nesse cenário, surgem sentimentos de impotência, desesperança, ansiedade, tristeza, entre outros”.

A psicóloga ainda diz que pode haver relação direta entre a fragilidade da saúde mental com o sistema imunológico. “A saúde mental é um ponto a ser olhado com cuidado e atenção, visto que afeta também o estado imunológico. Há um ramo na ciência chamado psiconeuroimunologia, que diz respeito ao funcionamento cerebral, sistema imunológico e comportamento. Uma pessoa pode, por exemplo, ter diminuída a eficiência do sistema imunológico justamente como resposta a estressores psicossociais e aumentar a probabilidade de adquirir uma enfermidade.”

Luto e Perdas

A professora de psicologia Thaís Bolognini, especialista em luto e perdas, acrescenta que esses sentimentos são presentes em tempos como o atual. “Outro fator crescente neste contexto é a sensação de perda, seja do cotidiano, do convívio, do trabalho, da renda e o próprio luto por entes queridos acometidos pelo vírus”.

Ainda segundo a psicóloga, o luto não é somente sobre perdas de pessoas queridas, mas também sobre coisas pessoais. “É normal associar o luto somente ao falecimento de um ente querido. Mas o luto é, principalmente, a perda de uma perspectiva da vida, que pode ser uma ideia, um sonho ou até uma fantasia imaginária.”

Resiliência

Para Eduardo Legal, professor de psicologia e especialista em resiliência, é preciso encontrar maneiras de lidar com o isolamento e o futuro incerto. “Ter conhecimento sobre as suas capacidades, procurar respostas diferentes quando aquelas que damos não funcionam, paciência para ver ângulos diferentes nas situações, pensar não apenas em ganhos imediatos, mas a longo prazo, procurar a ajuda de familiares e amigos, manter boas relações com o mundo, são formas que auxiliam a buscar respostas mais eficientes diante do caos”.

Ele explica ainda que, para a psicologia, a resiliência é a capacidade da pessoa lidar com alguma adversidade, adaptar-se a mudanças e superar obstáculos.

Lidando com tudo isso

“A arte pode ajudar a lidar com emoções de angústia, ansiedade, medo, preocupações”, explica a psicóloga especializada em arteterapia, Marina Benedet. “Quando nós temos essas situações difíceis de lidar e que, muitas vezes, não conseguimos falar sobre, a arte é um caminho para nos expressar e demonstrar. Seja o produzir ou ver a arte, são formas sim de resolução dessas emoções que a gente está sentindo, porque conseguimos colocar na arte essa emoção que estamos passando e que não conseguimos expressar”, salienta a psicóloga.

Além da arte, todos os especialistas entrevistados enfatizaram a importância de se manter uma rotina, uma dieta balanceada, fazer atividades físicas e ter um sono regulado. “Envolva-se com atividades saudáveis e aproveite para relaxar. O exercício constante, o sono regular e uma dieta balanceada ajudam. Mantenha tudo em perspectiva. É preciso manter rotinas e tarefas regulares sempre que possível e criar novas num ambiente diferente”, recomenda a psicóloga Thaís Bolognini.

A profissional ainda traz dicas para trabalhadores que estão em home office se manterem saudáveis e relaxados. “Para os que estão trabalhando de casa, é necessário tentar utilizar métodos para lidar com a situação como fazer pausas e descansar entre os seus turnos de trabalho em casa e até mesmo tirar um momento dentro do expediente.”

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Jornal de Brasília.
Foto destacada: Reprodução.

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