Quando o assunto são “psicopatas”, logo imaginamos uma lista de exemplos vindos diretos de Hollywood. Personagens como o Coringa e tantos outros criaram um estereotipo que nem sempre é preciso para classificar pessoas ditas psicopatas. Mas, pelo menos em uma característica os filmes costumam acertar em cheio: elas são pessoas assustadoras.
De acordo com o Dr. Kent Kiehl, neurocientista da Universidade do Novo México (EUA) e pioneiro em estudos que buscam um entendimento melhor sobre a mente dos psicopatas, podemos classificar como “psicopata” alguém com altos índices de falta de empatia, culpa e remorso. São pessoas extremamente impulsivas e que tendem a não fazer planos ou pensar antes de agir. E, apesar de geralmente não serem tão inteligentes quanto Hannibal Lecter, costuma, também ser astutos, manipuladores e, acredite, encantadores.
Os psicopatas ainda são minoria, compreendendo apenas 1% da nossa população. Mas, mesmo assim, eles continuam aguçando o interesse e fascinação de cientistas do mundo inteiro que, a cada dia, descobrem mais fatos loucos sobre pessoas afetadas por essa condição. Como, por exemplo:
Em outras palavras, se um psicopata vem em sua direção com uma faca e você fica paralisado, com os olhos arregalados, boca seca e tremendo até o cabelo, ele não entende que você está com medo, porque esses sinais não tem significado para ele. Loucura, não? E não é porque ele escolhe ignorar suas dicas, é que ele realmente não consegue.
Esse fato foi descoberto a partir de uma pesquisa realizada por Abigail Marsh, da Universidade de Georgetown (EUA), quando ela testou as reações de 36 crianças com idades entre 7 a 10 anos de idade a expressões faciais.
As crianças foram colocadas em um scanner de ressonância magnética que mostrou imagens de vários rostos. Alguns eram neutros, outros estavam com raiva, e alguns apavorados. A maioria das crianças não teve nenhum problema de diferenciação entre as faces neutras e assustadas. No entanto, as crianças com grandes para tendências a serem psicopatas simplesmente não conseguiam entender o que essas expressões de medo significavam. Essa discrepância demonstra um mau funcionamento da amígdala, a parte do cérebro que controla a resposta de medo.
A camada exterior da amígdala de um psicopata é muito mais fina do que o normal e muito menor do que a de um cérebro saudável. Graças a essa redução no volume, a área do cérebro é menos ativa do que deveria ser, razão pela qual os psicopatas são incapazes de interpretar expressões de medo. Estranhamente, este fenômeno não parece aplicar-se a outras emoções.
Já entendeu tudo, né? Uma vez que eles não têm noção de como é ter medo, eles não sabem como responder ao horror que seres humanos normais sentem.
O que leva pessoas psicopatas a matar? E por que psicopatas gostam tanto de manipular os outros? Bom, tudo tem a ver com a dopamina, um neurotransmissor que ativa os centros de recompensa em nossos cérebros. É a mesma razão pela qual uma pessoa se apaixona, exceto em uma escala muito maior. Psicopatas são viciados em dopamina. De acordo com Josué Buckholtz da Universidade de Vanderbilt, em Nashville (EUA), o cérebro de um psicopata não só produz mais dopamina, como ele realmente ama muito o neurotransmissor.
Buckholtz acredita que este desejo por dopamina é a razão pela qual psicopatas são obcecados por controlar os outros. Para reforçar esse posicionamento, ele e sua esquipe estudaram 30 pessoas com traços psicopáticos, dando-lhes anfetaminas para “trancar” os neurônios produtores de dopamina. Estas drogas foram radioativamente marcadas para que os cientistas pudessem controlar o quanto de dopamina foi produzido em resposta às anfetaminas. Eles descobriram, então, que as pessoas que mostravam alta impulsividade antissocial – o desejo e a vontade de controlar os outros – geraram muito mais dopamina do que outros estímulos.
Os psicopatas são incapazes de se colocarem no lugar de outras pessoas. Eles veem os seres humanos como peças de xadrez, como se fossem os peões para a sua própria diversão. E a razão pela qual isso acontece é motivo de muita discussão. Enquanto alguns cientistas dizem que os psicopatas simplesmente são assim, os neurocientistas da Universidade de Groningen, na Holanda, discordam. Em 2012, eles realizaram um teste com criminosos psicopatas usando tecnologia de ressonância magnética e alguns filmes caseiros que podemos chamar de bizarros. Nesses filmes, que os criminosos assistiram de dentro do scanner de ressonância magnética, uma mão sem corpo ou carinhosamente acariciava outra, ou a rejeitava, ou a batia com uma régua.
Como os pesquisadores esperavam, os psicopatas não se impressionaram. No entanto, as coisas tomaram um rumo interessante quando os pesquisadores pediram aos criminosos para que sentissem empatia com as pessoas na tela. Desta vez, quando a vítima do filme levou uma surra, os psicopatas realmente responderam. Eles estavam sentindo a dor da pessoa. Os pesquisadores concluíram, então, que psicopatas têm um interruptor de “liga/desliga” em seus cérebros. Embora ele geralmente esteja na posição “desligado”, isso pode mudar quando necessário. É por isso que, às vezes, os psicopatas podem ser acolhedores e muito charmosos.
Os cientistas acreditam que isso significa que criminosos psicopatas podem ser reabilitados. Se eles pudessem ser ensinados a deixar o interruptor sempre no “ligado”, eles poderiam superar esse transtorno. Por outro lado, se eles realmente estão simplesmente optando por não ter nenhum tipo de empatia com as pessoas, eles são ainda mais assustadores do que imaginávamos.
Um diagnóstico de psicopata ajuda ou prejudica um réu? Curiosos sobre qual poderia ser o conteúdo de resposta à essa pergunta, um grupo de pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, apresentou um caso fictício a um grupo de 181 juízes estaduais. Para criar o caso, eles haviam criado um personagem chamado Jonathan Donahue, que foi baseado em um criminoso real. Os juízes foram informados que Donahue executou um roubo violento um restaurante de fast food e mostrou zero remorso por seu crime – e inclusive se vangloriou dele enquanto estava foragido. A cada juiz também foi dito que Donahue era um psicopata, mas apenas metade deles recebeu uma explicação biológica para o seu transtorno.
Antes de anunciarem suas decisões, os juízes foram questionados sobre com quantos anos eles normalmente sentenciam um criminoso condenado por lesão corporal grave. A maioria disse que com cerca de nove anos. No entanto, eles foram mais severos com o bandido ficcional.
Os juízes que apenas receberam a informação de que Donahue era um psicopata sentenciaram ele com uma média de 14 anos atrás das grades. E os juízes que receberam uma explicação científica que justificava a condição do réu deram, em média, apenas um ano a menos de sentença. Ou seja: não fez grande diferença. Talvez este grupo de juízes tenha sentido um pouco de solidariedade com o fato do “personagem” do caso estar preso a uma situação que foge de seu controle. Mas, ainda assim, 13 anos é um pouco longe dos 9 que um criminoso “saudável” costuma receber.
Se você tem um chefe pentelho e obcecado por trabalho, talvez agora você esteja dizendo algo como: “isso explica muita coisa”.
Em 2013, o pesquisador Kevin Dutton, de Oxford, fez uma lista de profissões que atraem a maioria dos psicopatas. E provavelmente não é uma grande surpresa que profissões como policial, advogado e cirurgião tenham aparecido nas primeiras posições. No entanto, o número um da lista de profissões escolhidas por psicopatas foi outro. Eles preferem ser CEOs, ou seja, os líderes/presidentes de grandes empresas.
Isso confirma um estudo de 2010 conduzido por Paul Babiak, que entrevistou 203 executivos em programas de treinamento de gestão através de um questionário com base na lista de verificação de psicopatia de Robert Hare. Babiak chegou à conclusão horrível que 1 em 25 dos entrevistados eram psicopatas, o que é uma notícia ruim para o mundo dos negócios – mas não pelo motivo que você imagina. O que acontece é que psicopatas são péssimos líderes, não se dão bem com os outros e fazem de tudo para subir a escada corporativa usando mais seu charme do que méritos propriamente ditos. Se não podem manipular seus funcionários, vão apenas usar a força bruta e fazer um pouco de terrorismo.
Em uma pesquisa realizada por psicólogos de diversas universidades canadenses, usuários da internet foram convidados a responder uma série de perguntas como “quanto tempo você passa online?” e “você faz muitos comentários no YouTube?”. Eles também foram solicitados a concordar ou discordar com opções como “Eu gosto de zoar pessoas em fóruns ou em seções de comentários de sites” e “eu gosto de ser o vilão em jogos e torturar outros personagens”.
Os resultados apontaram para a conclusão de que os “trolls” da internet mostram várias características do que é conhecido como “Dark Tetrad” (em português, algo como “tétrade obscura”). Trata-se da interseção de quatro características terríveis: sadismo, maquiavelismo, narcisismo e psicopatia. As pessoas com esses traços de personalidade adoram magoar os outros, são extremamente enganosos, e não têm remorso por suas travessuras. Os pesquisadores ainda descobriram uma ligação entre essas características e a quantidade de tempo gasto online, o que acaba criando um ciclo vicioso de psicopatia.
Segundo os pesquisadores, esse tipo de psicopata é aquele que tem toda a predisposição genética para ser uma psicopata de mão cheia, mas, ao invés de obedecer sua natureza, se comporta de acordo com as normas padrões da sociedade. A pessoa pode acabar tendo uma facilidade incrível, e irresistível, de manipular as pessoas e ter pouca vontade de se socializar, mas nada que machuque (pelo menos não fisicamente) outras pessoas.
Em um estudo de setembro de 2013, os professores Jason Castro e Chakra Chennubholta descobriram que, enquanto a maioria das pessoas não têm dificuldade para descrever qualquer tipo de aroma, a história é bem diferente quando se trata de psicopatas.
Acontece que os psicopatas têm níveis mais baixos de funcionamento em seus córtices orbitais, como já dissemos anteriormente. Isso afeta não só a sua capacidade de fazer planos de longo prazo e manter seus impulsos sob controle, como também a sua capacidade de detectar cheiros. Isto foi confirmado por pesquisadores da Universidade de Macquarie, em Sydney, que submeteu 79 psicopatas não criminosos a um teste de olfato. Os participantes foram convidados a identificar os aromas de 16 dispositivos que se parecem com canetas e são perfumadas com vários odores como café, laranja e couro. E como os cientistas previam, os psicopatas tiveram problemas para identificar todos os aromas.
Além de fornecer uma visão fascinante sobre os mistérios do cérebro, essa conclusão pode desempenhar um papel interessante no diagnóstico. Afinal, psicopatas são espertos o suficiente para manipular testes, dando respostas intencionalmente imprecisas em avaliações psiquiátricas – o que se tornaria muito mais difícil/impossível em um teste de cheiro.
Psicólogos da Universidade de Emory decidiram olhar para todos os presidentes dos EUA, de Washington a Bush, e determinar quem foi o mais psicopata. Parênteses: Obama foi excluído porque ele ainda não tinha terminado o seu segundo mandato.
Analisando a personalidade de cada presidente, eles prestaram especial atenção à forma como esse homens lidaram com crises, com o congresso e o trabalho que desenvolveram com líderes estrangeiros.
Enquanto nenhum dos presidentes se encaixava perfeitamente no molde de um psicopata, alguns exibiam uma característica proeminente psicopata chamada de Domínio Destemido (DF).
Domínio Destemido é a falta de medo e falta de vontade de recuar em uma situação perigosa. Também inclui a capacidade de encantar as pessoas, uma ferramenta política muito importante. Ao final do estudo, os cientistas determinaram que o presidente americano com a maior pontuação de Domínio Destemido foi Roosevelt.
E no Brasil, qual você acha que ganharia o primeiro lugar nessa lista?
Embora os psicopatas possam parecer muito inteligentes e espirituosos, pesquisadores da Universidade de Cornell descobriram que eles muitas vezes cometem pequenos deslizes quando abrem suas bocas. Liderados por Jeffrey Hancock, os pesquisadores entrevistaram 52 assassinos, 14 dos quais eram psicopatas. Eles pediram aos bandidos para falar sobre seus crimes e usaram um programa de computador para avaliar suas escolhas de palavras.
Depois de analisar as conversas, os pesquisadores observaram alguns padrões na fala psicopata. Por exemplo: para parecerem normais, eles usavam interjeições como “uh” e “hum” com mais frequência do que criminosos não psicopatas. Em 2012, outra equipe de cientistas levou o estudo de Cornell para o mundo dos meios de comunicação social. Ao oferecer um iPad grátis para os participantes, os pesquisadores convenceram 2.927 usuários do Twitter a deixá-los analisar todos os seus tweets e retweets. E depois de ler mais de 3 milhões de postagens, este estudo também descobriu que um psicopata pode ser identificado por meio das coisas que eles dizem. Então, da próxima vez que você ler um tweet assustador, lembre-se que você pode estar seguindo o próximo psicopata a virar notícia no país inteiro.
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Traduzido do original Listverse, Via HypeScience
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