A comunicação entre médicos e pacientes com doenças graves pode ser determinante para o bem-estar emocional durante o tratamento. Um estudo recente, publicado em outubro na Mayo Clinic Proceedings por pesquisadores da Universidade A&M do Texas, nos Estados Unidos, destacou a importância de evitar palavras e expressões que possam causar medo, ansiedade ou desamparo.
Os pesquisadores identificaram as chamadas never-words , termos que, segundo o estudo, deveriam ser banidos do vocabulário médico. Exemplos incluem frases como:
Essas expressões, explicadas pelos cientistas, podem bloquear conversas e afastar o paciente do processo de decisão sobre o próprio cuidado.
Para Leonard Berry, professor de marketing da Universidade A&M do Texas e um dos autores do estudo, a escolha cuidadosa das palavras é essencial. “Doença grave não é apenas uma questão de sofrimento físico, mas também emocional. O comportamento do médico, incluindo a sua comunicação verbal e não verbal, pode exacerbar ou reduzir o sofrimento emocional”, afirma.
Uma pesquisa enfatiza que frases como “não vamos nos preocupar com isso agora” ou “você tem sorte que é apenas o estágio 2” devem ser evitadas. Enquanto a primeira pode subir desdenhosa, a segunda desconsidera o medo legítimo do paciente, indicando que ele deveria se sentir grato pela gravidade da doença.
Os autores do estudo recomendam uma abordagem centrada no paciente, corrigindo termos negativos por frases que demonstram preocupação e parceria. Em vez de dizer “ela não vai melhorar”, por exemplo, é mais acolhedor dizer: “Estou preocupado que ela não vai melhorar”.
Outro ponto importante é evitar expressões como “lutar” ou “batalhar”, que podem criar pressão emocional sobre o paciente. Frases como “vamos enfrentar essa doença juntos” são mais eficazes para transmitir apoio e colaboração.
Além disso, a maneira de formular perguntas também pode impactar a comunicação. “Algo tão simples como ‘Que perguntas você tem para mim?’ convida a uma conversa mais aberta do que ‘Você tem alguma pergunta?’”, explica Berry.
O estudo sugere a inclusão de treinamento em comunicação compassiva nos currículos das faculdades de medicina. “A ciência é fundamental, mas precisamos de profissionais habilidosos e centrados no paciente”, defende Berry.
Com essas mudanças, os pesquisadores esperam que os médicos sejam mais capazes de oferecer suporte emocional e psicológico, garantindo que os pacientes se sintam ouvidos e respeitados ao longo do tratamento.
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