Por Alice Amar
Quando falamos de limites em qualquer relacionamento amoroso, estamos nos referindo aos critérios próprios que são invioláveis e inegociáveis. Existem certos limites que normalmente são compartilhados por quase todos, tanto na área de família, como social ou de casal, mas muitos são pessoais e os estabelecemos com as outras pessoas ao nosso redor, de acordo com o que estamos dispostos a tolerar.
Na esfera do casal, os limites podem variar muito de uma pessoa para outra. Há pessoas que são capazes de suportar e até mesmo perdoar uma infidelidade, enquanto outras nunca conseguiriam, por mais apaixonadas que estivessem pelo seu parceiro. Neste sentido, a educação que cada um recebeu influencia muito, assim como as experiências pessoais, seus valores e a autoestima.
No entanto, você deve saber que, embora todos possam definir os seus limites pessoais e que entre estes possa haver diversidade de opinião, existem comportamentos que não deveríamos aceitar se quisermos manter a nossa autoestima e dignidade.
Quase todo mundo sabe exatamente o que não quer no seu relacionamento amoroso. No entanto, muitas vezes esses limites estabelecidos de forma consensual são desrespeitados pelo outro lado, e mesmo assim a pessoa permanece no relacionamento e não se sente capaz de terminá-lo e seguir um outro caminho.
Mesmo sabendo que isto não lhe convém, prefere o sofrimento diário do que a dor da perda para sempre.
Elas sentem o seu parceiro como uma necessidade vital, como a comida ou o descanso e, portanto, o desapego torna-se impossível. O medo de perder o ser “amado” é tão grande que são capazes de suportar comportamentos como as mentiras, os maus-tratos ou a anulação, para manter o relacionamento.
Esta maneira de pensar sobre o parceiro como uma necessidade é o resultado da dependência emocional e aparece quando não somos capazes de impor as nossas regras e definir limites.
O pensamento do dependente geralmente se expressa como: “Tenho certeza que mudará”, “Não é tão ruim… talvez eu esteja exagerando”, “Ele age assim porque está estressado, isso não vai durar para sempre”, etc. Eles justificam a conduta do parceiro, mesmo que isto os machuque, porque precisam de justificativas para si mesmo. Internamente eles sabem que são falsas, mas ao menos se acalmam momentaneamente, fazem com que perdoem o seu parceiro e continuem com o relacionamento.
Ter uma autoestima saudável é aceitar-se incondicionalmente. É o apoio da saúde mental e do bem-estar emocional. A baixa autoestima ou a falta de aceitação é, por outro lado, o ponto de partida de muitos problemas psicológicos.
Aceitar e amar a si mesmo com os defeitos, pontos fortes, limitações e potencialidades é o que realmente precisamos se quisermos ser felizes.
A autoestima tem muito a ver com os limites em todas as áreas da vida e, especialmente, no casal. Se valorizo a outra pessoa mais do que a mim mesmo ou se acredito que não sou capaz de ficar sozinho, se preciso do outro para ser feliz ou é o meu parceiro que dá sentido à minha vida, estou colocando bombas muito poderosas na minha autoestima; bombas que podem explodir a qualquer momento.
Isso é, de certo modo, perigoso, porque chegamos a um ponto onde é difícil sair da relação, ou ficamos muito tristes com este parceiro.
Nós só podemos ser felizes como um casal se soubermos o que estamos dispostos a permitir ou não e o que queremos para nossa vida.
Para ser claro e coerente, nós não podemos subordinar as nossas necessidades às necessidades do outro. Uma atitude que não é nada egoísta, mas muito sensata. Se estamos em paz e vivemos de acordo com as nossas ideias e valores, podemos estar em harmonia com a outra pessoa e, por sua vez, essa pessoa também se sentirá melhor conosco.
Como mencionamos no início, o que as pessoas desejam para o seu relacionamento tem aspectos muito pessoais. Se não temos certeza sobre o nosso relacionamento, podemos nos perguntar: É isso o que eu quero para a minha vida? Eu me vejo com esta pessoa daqui a cinco anos? Estou disposto a tolerar esse comportamento?
O mais importante é ser sincero com as respostas. Se as respostas mostrarem que não estamos felizes e não vemos futuro, este é um bom motivo para terminar o relacionamento, sabendo que vamos passar por um processo de luto e sofrimento no qual teremos que nos reconstruir.
Talvez a dor não seja algo agradável, mas ainda mais desagradável é uma dor para toda vida, dia após dia.
E o que é que nunca deveríamos tolerar? Uma das coisas que nenhum ser humano deve tolerar é ser anulado como pessoa, ou seja, que seus gostos, valores e opiniões sejam ignorados.
Ninguém pode pedir ou ordenar a outra pessoa para deixar de ser quem ela é, porque então não faz sentido tê-la escolhido como parceiro. E se não gostamos da pessoa como ela é, sempre podemos voltar atrás, mas nunca lhe dizer como deve ser ser ou como se comportar.
Obviamente, outro limite que deve ficar claro se refere aos abusos, tanto físicos como emocionais. Não podemos deixar que ninguém nos maltrate, porque ninguém tem o direito de agir dessa forma: encontrar justificativas para o abuso fará com que essa situação piore com o passar do tempo. Termine esse relacionamento na primeira vez que isto acontecer.
Finalmente, não permita que ninguém iniba a sua liberdade individual; é a coisa mais valiosa que temos. Você precisa ser livre para ir e vir, para decidir o estilo de vida que pretende levar, para ter seus amigos, etc. Portanto, você deve sempre colocar a sua liberdade acima de tudo.
E lembre-se… o amor não pode tudo. Às vezes o amor deve ser pensado, e não apenas sentido.
Imagem de capa: Shutterstock/Grigor Ivanov
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