Por Dra. Evelyn Vinocur
Os benzodiazepínicos foram amplamente prescritos no tratamento dos transtornos ansiosos durante a década de setenta, como uma opção segura e de baixa toxicidade. A empolgação inicial deu lugar a uma preocupação com o consumo elevado, ao final da mesma década: começou-se a detectar um potencial de uso nocivo e risco de dependência entre os usuários de tais substâncias .
Atualmente, os benzodiazepínicos ainda possuem indicações precisas para controle da ansiedade e como tratamento adjuvante dos principais transtornos psiquiátricos, mas continuam sendo prescritos de modo indiscriminado, em todo o mundo. Estima-se que 50 milhões de pessoas façam uso diário de benzodiazepínicos. A maior prevalência encontra-se entre as mulheres acima de 50 anos, com problemas médicos e psiquiátricos crônicos. Os benzodiazepínicos são responsáveis por cerca de 50% de toda a prescrição psicotrópicos, por médicos de todas as especialidades clínicas.
Os BDZs têm potencial de abuso: 50% dos pacientes que usam benzodiazepínicos por mais de 12 meses evoluem com síndrome de abstinência. Os sintomas começam progressivamente dentro de 3 a 10 dias após a parada de benzodiazepínicos, podendo também ocorrer após a diminuição da dose.
Os critérios diagnósticos para abstinência de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos, pela Classificação Internacional de Doenças (CID 10) são:
A. Cessação (ou redução) do uso pesado e prolongado de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos.
B. Dois (ou mais) dos seguintes sintomas desenvolvendo-se dentro de algumas horas a alguns dias após o Critério A:
(1) hiperatividade autonômica (por ex., sudorese ou frequência cardíaca acima de 100 bpm)
(2) tremor aumentado das mãos
(3) insônia
(4) náusea ou vômitos
(5) alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias
(6) agitação psicomotora
(7) ansiedade
(8) convulsões de grande mal
C. Os sintomas no Critério B causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes.
D. Os sintomas não se devem a uma condição médica geral nem são melhor explicados por outro transtorno mental.
Assim, não se justifica o uso de benzodiazepínicos por longos períodos, exceto em
situações muito especiais. Pacientes que conseguem ficar livres de
benzodiazepínicos por pelo menos 5 semanas apresentam redução nas medidas
de ansiedade e melhora na qualidade de vida.
TEXTO ORIGINAL DE MINHA VIDA
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