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Qual o papel da família na construção de um boa saúde mental?

A família é um conjunto de pessoas unidas por vínculos de parentesco, onde constituímos o nosso primeiro contato com o mundo externo, aprendemos modos de se comportar, bem como, de se relacionar em sociedade. O contexto familiar representa o meio onde vivenciamos as primeiras etapas do desenvolvimento, estabelecendo através desse contato, a construção do repertório de linguagem verbal e não verbal, o que nos possibilita encarar desafios pessoais resultando no aprendizado das diversas formas de manejo no âmbito dos relacionamentos.

Conhecer sobre a dinâmica familiar é importante para o entendimento do seu contexto global, considerando as suas particularidades no modo de estabelecer regras, limites, valores, organização dos mecanismos utilizados para a resolução de problemas, maneiras de lidar com os conflitos, perdas e mudanças. Contudo, a estrutura da família exerce influência direta na saúde mental dos seus membros, sendo complexo realizar essa classificação.

Não se pode afirmar que uma família é totalmente saudável ou enferma, o ideal seria compreender que as famílias podem ser predominantemente saudáveis ou não. Aspectos como a execução dos papeis familiares, formas de liderança, interação conjugal, afeição física, desenvolvimento da autoestima e recursos afetivos são considerados determinantes para avaliar a qualidade da saúde mental e o que permeia o seu funcionamento de modo a promover ou não benefícios na estrutura do sistema.

A qualidade da comunicação é o que define a natureza das relações, sendo assim, se houver falhas significativas nesse processo, o desenvolvimento emocional da família pode ficar comprometido. Também é importante manter-se atento no desempenho das regras familiares, considerando que essas atuam como um regulador do sistema de condutas, principalmente no que se refere a administração dos conflitos. Portanto, vale ressaltar que as regras devem ser explícitas, claras, democráticas, coerentes e flexíveis.

A organização familiar oferece uma percepção abrangente sobre a estrutura da família, de modo a considerar a relevância dos aspectos individuais que afetam coletivamente os subsistemas, ponderando também a influência da história pessoal na construção dessa experiência. O psicólogo pode atuar como um facilitador possibilitando que a família se torne apta para expressar as suas dificuldades buscando vias de solução, afim de estimular o crescimento da interação entre os seus membros, transformando as diferenças e discordâncias em um processo benigno e construtivo.

A Terapia Sistêmica é considerada uma abordagem de referência que oferece subsídios consistentes na composição da análise do sistema familiar, apresentando ferramentas efetivas para descontruir as fronteiras mantenedoras dos conflitos. Todavia, esta sustenta algumas premissas que coincidem com a Terapia Cognitiva Comportamental, como por exemplo, a compreensão do comportamento humano como desempenho de uma função e da doença como um elo de comunicação.

A Terapia Cognitiva Comportamental acredita que as perturbações derivam do pensamento, considerando que esses exercem uma conexão direta entre as emoções, comportamentos e respostas fisiológicas. Uma vez que o profissional opta por uma avaliação cognitivista, acata-se uma visão otimista acerca da compreensão do repertório comportamental, identificando a categoria de pensamentos e sentimentos que resultam no estabelecimento da dinâmica das relações.

Independente da vertente teórica, vale lembrar que psicologia é uma ciência que possibilita diversas modalidades de intervenção seja no contexto individual ou grupal, viabilizando um tratamento eficiente que otimize o clico vital.

Ilíada Alves

Psicóloga CRP 06/111920 Terapeuta Cognitiva Comportamental pelo Núcleo de Terapia Cogntiva da Bahia (NTCBA). Especialista em Transtornos Alimentares e obesidade pelo CEPSIC - HCFMUSP. Gerente do CAPS II. Coordenadora da Equipe AT Bahia. Autora do Instagram: @muraldapsicologia Contato: (071) 99219-3029

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