Bem certo que o assunto “drogas” é bem polêmico. Desde sua conceituação, até as questões do lícito e ilícito (como se fizesse alguma diferença qualitativa o governo permitir ou não certas coisas). O uso de drogas é tão comum quanto caminhar, afinal a grande maioria dos sujeitos já utilizou alguma, seja farmacêutica, seja as dos comerciais de TV que te dizem BEBA E SEJA FELIZ, seja as crucificadas, cuja venda e uso não fornecem lucros ao governo, ao menos até onde se sabe.

Quando criminalizamos uma substância, automaticamente criminalizamos o usuário de tal substância. E não pretendo entrar aqui no mérito das questões de classe social, seria esse tema pra outro momento, afinal é assunto demasiado importante para dividir espaço com outro não menos importante que ele. O estigma que foi criado e vem sido reforçado acerca das drogas não legalizadas anula toda e qualquer possibilidade de ser dos sujeitos que as utilizam. Os reduz ao erro, ao anormal, ao crime, a vergonha. E esse sentimento de marginalização está tão arraigado em nossa construção que não somos capazes de ver que o álcool, um droga lícita e comercializada livremente em todo o país mata muito mais (muito mais) que as drogas p.r.o.i.b.i.d.a.s. Criminalizamos aquilo que nos é diferente, para então nos sentirmos confortáveis em nossos lugares.

As drogas destroem a família quando a relação que se estabelece é ser reforçador de tais estereótipos. Quando na verdade todos brindam seus copos repletos de álcool-saudável, acendem seus cigarros com mais de 4300 substâncias tóxicas e sorriem, enquanto criminalizam, julgam, marginalizam e destroem as possibilidades de alguém que optou pelo uso de uma droga cujo governo “não permite.”

As drogas destroem a família quando enxerga-se a substância antes do sujeito. A SUBSTÂNCIA antes do SUJEITO. Quando reduzimos uma vida repleta de possibilidades aos estigmas sociais os quais nunca paramos para refletir. Quando as drogas destroem com a família, talvez seja sinal que já havia tanta destruição dentro de cada um que ficou difícil lidar com o direito do outro de ser quem se é, de gostar do que gosta.

Carlos Santos

21 anos, artísta plástico e ilustrador, estudante de bacharelado pleno em psicologia pela Faculdade Guararapes, Rede Laureate International Universities. Ativista do CAPE - Coletivo Antiproibicionsta de PE, dedica-se à trabalhos de cunho social como por exemplo, debate sobre a criação de uma nova política de drogas, Ações de Redução de danos, bem como questões sobre minorias politicas (movimento feminista, LGBTT, entre outros).

Recent Posts

Veja esta série na Netflix e ela não sairá mais da sua mente

Esta série que acumula mais de 30 indicações em premiações como Emmy e Globo de…

21 horas ago

Filme premiado em Cannes que fez público deixar as salas de cinema aos prantos estreia na Netflix

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024 e um…

21 horas ago

Série ousada e provocante da Netflix vai te viciar um pouco mais a cada episódio

É impossível resistir aos encantos dessa série quentíssima que não pára de atrair novos espectadores…

2 dias ago

Influenciadora com doença rara que se tornou símbolo de resistência falece aos 19 anos

A influenciadora digital Beandri Booysen, conhecida por sua coragem e dedicação à conscientização sobre a…

2 dias ago

Tatá precisou de auxílio médico e passou noites sem dormir após acusação de assédio, diz colunista

"Ela ficou apavorada e disse que a dor de ser acusada injustamente é algo inimaginável",…

3 dias ago

Suspense psicológico fenomenal que acaba de estrear na Netflix vai “explodir sua mente”

Será que você é capaz de montar o complexo quebra-cabeça psicológico deste filme?

3 dias ago