Os brasileiros que não estão trabalhando e não estão procurando emprego têm mais chances de ter depressão do que quem está trabalhando ou atualmente desempregado.
A observação foi feita pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisou a relação entre o mercado de trabalho e doenças crônicas em 2013. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira (30).
Segundo a pesquisa, entre os brasileiros que estão fora da força de trabalho, ou seja, não estão trabalhando e nem estão em busca de emprego, o diagnóstico de depressão foi dado por um profissional de saúde mental para 10,2% das pessoas deste grupo. É um total de 5,2 milhões de pessoas.
Entre as pessoas ocupadas – trabalhando atualmente – esta proporção foi menor: A depressão atingiu 6,2% do grupo – o correspondente a 5,6 milhões de pessoas.
Entre quem está sem emprego, mas está buscando uma vaga, a depressão incidiu sobre 7,5% – um total de 374 mil pessoas.
No total, a depressão foi diagnosticada em 11,2 milhões de pessoas com 18 anos ou mais em 2013 – 7,6% dos brasileiros nesta faixa etária.
A região Sul apresentou a maior proporção de pessoas diagnosticadas com depressão: 12,6%, o correspondente a 2,7 milhões de pessoas. A região Norte teve a menor incidência, de 3,1% (336 mil pessoas).
O estudo revelou também que a depressão atinge mais as mulheres. Entre as mulheres com 18 anos ou mais, a incidência do diagnóstico foi de 10,9% para elas e de 3,9% para eles.
A prevalência da depressão também foi maior para pessoas que têm entre 40 e 59 anos e trabalham, com uma incidência de 8,2%.
Entre os trabalhadores com 60 anos ou mais e atualmente empregados, a incidência da depressão foi de 7,4%.
Dificuldade para dormir
Quem não está trabalhando e não procura emprego também está mais sujeito a tomar remédio para dormir.
Um total de 12,6% (6,5 milhões de pessoas) deste grupo disse precisar de medicamento para dormir.
Essa proporção foi de 5% (4,5 milhões de pessoas) entre quem está trabalhando e de 4,3% (214 mil) entre quem está desempregado(a).
Pesquisas recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) sugerem que o tratamento ineficaz de depressão e ansiedade está gerando problemas econômicos importantes, com um custo de US$1 trilhão a cada ano, segundo estudo publicado na revista The Lancet Psychiatry.
O estudo estimou o que aconteceria se mais recursos fossem dedicados à melhoria dos tratamentos para depressão e ansiedade em 36 países de renda baixa, média e alta entre hoje e o ano 2030.
A melhoria dos tratamentos, principalmente terapia psicossocial e terapia medicamentosa antidepressiva, custaria um total de US$ 147 bilhões nesse período.
Precisamos falar sobre depressão
Depressão é assunto sério e demanda respeito ao tempo e à singularidade de cada pessoa. Utilizar a palavra sem a delicadeza e a seriedade que ela merece só contribui para banalizarmos o debate urgente que precisamos fazer sobre saúde mental. O estigma e o tabu continuam sempre que não abordamos essas questões com a profundidade que merecem.
O autodiagnóstico ou o diagnóstico superficial de uma depressão também são perigosos, principalmente diante de uma realidade de consultas rápidas e antidepressivos sendo prescritos com uma grande facilidade.
Estar triste não é sinônimo de estar deprimido, e a ajuda de um profissional especializado – como psicanalistas, psicólogos e psiquiatras – pode dar novos destinos para uma depressão que paralisa a vida.
As maneiras para se lidar com ela são variadas e devem estar alinhadas com o perfil de cada pessoa. Há quem prefira a análise, e há quem prefira a meditação, por exemplo. O importante é ter em vista que o cuidado com a saúde mental deve ser de longo prazo, e não uma solução rápida que resolva situações pontuais.
TEXTO ORIGINAL DE BRASILPOST