No Japão, estima-se que mais de 500 mil pessoas (o equivalente a cerca de 1,6% da população do país) vive em uma situação de isolamento voluntário, sem sair de suas casas por anos e evitando todo tipo de contato social. No entanto, especialistas defendem que esse número pode ser muito maior.
Este tipo de comportamento é bastante comum entre os jovens japones, que passaram a ser chamados de hikikomori. O movimento tem se tornado motivo de preocupação para o governo japonês.
O termo hikikomori (que deriva de hiki, “retirar”, e de komori, “estar dentro”) foi cunhado pela primeira vez em 1998, no livro ‘Social Withdrawal – Adolescence Without End’, de autoria do psicólogo Tamaki Saito, e descreve um fenômeno sócio-cultural: o fato de que, cada vez mais pessoas têm optado pelo isolamento físico e a falta de contato social, o que resulta em muito sofrimento psicológico.
Os hikikomori fazem do distanciamento extremo do mundo externo o seu modo de vida. Eles evitam qualquer tipo de relacionamento e podem ter seríssimos problemas de auto-estima, recusando qualquer tipo de autocuidado. Muitos são também viciados em internet. No Japão, eles são encarados como um problema crescente da esfera da saúde mental.
O fato de os hikikomori serem tão numerosos no Japão pode ter diversas explicações, mas um deles é quase consenso. Acontece que o país da Ásia Oriental é regido por normas sociais bastante rígidas, altas expectativas por parte dos pais e por uma chamada “cultura da vergonha”, que faz com que os jovens que não atendem aos requisitos impostos pela sociedade se sintam extremamente inadequados.
Além disso, a sociedade tem se tornado cada vez mais individualista, fazendo diminuir a solidariedade e o senso de coletividade. A cultura do trabalho em excesso, em que se espera que as pessoas trabalhem até à exaustão, faz com que muitos jovens convivam com uma permanente sensação de vazio. Eles se sentem tão inadequados que acabam optando por permanecer longe de tudo.
Para a fotógrafa vietnamita Maika Elan, que retratou os hikikomori, o Japão vive uma contradição: é moderno, mas muito tradicional; movimentado, mas extremamente solitário. “Restaurantes e bares estão sempre cheios, mas se você prestar bastante atenção, a maioria está lotada de clientes comendo sozinhos”, contou para a National Geographic.
O Japão criou um serviço especializado para atender aos hikikomoris. Trata-se de uma instituição chamada New Start, que fornece um trabalho (pelo custo de 8 mil dólares anuais) de contratação de “irmãos de aluguel”.
Estes irmãos ( na sua maioria mulheres) atuam como assistentes sociais que entram em contato regularmente com o hikikomori — telefonando, enviando cartas, falando atrás da porta e, se tudo der certo, finalmente conseguindo interagir pessoalmente com a pessoa reclusa.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Mega Curioso.
Fotos: Reprodução.
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