Li uma citação muito interessante de Marla de Queiroz, que dizia: “para os homens que têm medo das mulheres interessantes, que sejam felizes com as interesseiras”. A partir dela, refleti sobre o temor que certos tipos de pessoas causam às demais, a ponto de serem deixadas de lado e, muitas vezes, serem alvos de preconceito. Simplesmente porque o que não conhecemos pode ser assustador mesmo.
Geralmente, pessoas ousadas, destemidas, que vivem conforme aquilo em que acreditam, não se importando com as censuras alheias nem com o que os outros irão pensar, sendo felizes do jeito que acharem melhor, serão mal interpretadas. Isso porque quem não tem coragem de viver o que possui dentro de si tende a discordar com veemência de todos que demonstram a coragem que lhe falta.
E, mesmo que se caminhe sem pisar ninguém, sem fazer mal, sem prejudicar os outros, basta a pessoa remar do lado contrário do que se prescreve como o mais normal, para ser posta em evidência negativamente. Pessoas que se lançam com mais verdade, além do que está dentro de regras sociais, nunca serão aceitas confortavelmente, porque a multidão obediente se incomoda com tudo o que lhe traz algo de fora de sua zona de conforto.
Muitos, infelizmente, ainda preferem o que é aparentemente cômodo a conhecer outros horizontes, pois isso requer coragem. Além do mais, vivemos a era das aparências, da supervalorização do que se compra, do que se tem, do que se é esteticamente. Nesse contexto, poucos tentam conhecer o outro além do que ele oferece aos olhos. Poucos têm disposição para se demorar e compartilhar as verdades de dentro com o outro.
Na verdade, quem não se lança, além das aparências, fica somente ali, paradinho, em relações rasas, desprovidas de entrega e de inteireza. São os que se contentam com a superfície, com o morno, com intensidade pouca. São os que vivem pela metade, porque quem se contenta com as aparências jamais vivenciará o mergulho intenso e arrebatador na profundidade do amor verdadeiro.
Imagem de capa: Rawpixel.com, Shutterstock
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