Querer é poder?
Há quem diga que se quisermos e desejarmos profundamente alguma coisa, ela se realizará. É claro, considerando que, além de desejar muito, faremos por onde para conquistar. Temos assim que querer + agir = poder.
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Logo, de nada adianta criar desculpas e colocar empecilhos para alcançar seus objetivos. É preciso querer de verdade e correr atras dos sonhos, para poder dizer que “querer é poder”.
No entanto, podemos pensar que só podemos ter controle sobre os nossos desejos, sentimentos e pensamentos e nunca, sobre os desejos, sentimentos e pensamentos do outro.
Com isso, muitas vezes queremos que o outro queira algo e chegamos a conclusão de que, ao se tratar dos desejos de outra pessoa “querer não é poder”.
Aplicando esta lógica ao tratamento psicológico, há que se considerar que as evoluções só acontecem quando o paciente quer e está disposto a poder melhorar. Melhorar sua auto imagem, melhorar suas relações familiares, profissionais e pessoais, melhorar a maneira como lida com seus conflitos e encara sua vida.
E, o que vemos na prática é que muitas pessoas não alcançam os progressos que dizem buscar quando se queixam de seus problemas para o psicólogo porque, na verdade, elas não querem mudar.
Não querem porque ainda não estão prontas para fazer escolhas diferentes, não querem porque tem medo de perder os ganhos secundários que os sintomas lhe trazem, não querem porque se concentram nas coisas pelas quais terão que abrir mão para deixar de sofrer e, muitas vezes se habituam e se submetem a estas coisas, não conseguindo se abrir para o novo.
Enfim, não querem porque não priorizam a si mesmas e com isso não dão a devida importância para a relação terapêutica, que tanto poderia ajudá-las.
Não querem, por isso não podem.
Percebo que muitos pacientes ainda terceirizam sua responsabilidade sobre si para o outro, seja este outro uma pessoa, um medicamento, uma droga ou qualquer outra coisa da qual se torna escravo e perde sua liberdade de escolha.
E isso acontece não só pelas pessoas por si só, mas pela cultura medicalizante a que estamos inseridos, na qual muitos profissionais da saúde ainda têm dificuldade em dar créditos ao trabalho do psicólogo e na qual muitas pessoas desconhecem os benefícios de um processo de psicoterapia.
Diferente da Medicina (que tem todos os seus méritos), na Psicologia não existem promessas de cura, pois o ser humano é um sujeito incompleto, inacabado, que se constrói diariamente nas suas relações com o mundo.
O que existe é a possibilidade de enfrentar seus conflitos de maneira mais saudável e com menos sofrimento, compreendendo suas emoções, a fim de encontrar a liberdade para ser quem se deseja ser. Para isso acontecer, basta querer…





Psicóloga clínica de abordagem psicanalítica na cidade de Limeira-SP; possui Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas pela FCA- UNICAMP; ministra palestras com temáticas voltadas ao desenvolvimento humano. Também possui formação em Administração de Empresas e experiência na área de RH (Recrutamento & Seleção e Treinamento e Desenvolvimento).