Há poucas coisas que superam a dor do término da uma relação a dois. Ainda mais quando o ponto final é inevitável após uma traição ou um “eu não te amo mais”. Apesar da distância entre a separação e a volta por cima ser longa, é possível encarar o momento com serenidade e espantar a tristeza para voltar a ter uma vida social e amorosa depois do trauma.
A falta de lealdade do parceiro ganha dimensões diferentes em cada situação. “Superar uma traição é muito difícil, mas depende do histórico e da dinâmica da relação e também do significado que representa para cada um. Em alguns casos, ela se torna um elemento de estímulo de uma relação ‘morna’ e sem grandes impactos. De toda forma, superá-la implica em crédito e desejo de investir em uma relação, buscando compreender o processo e o papel de cada um neste caso”, explica doutora em psicologia social Maria Izabel Calil Stamato.
Para seguir em frente depois de um rompimento traumático é necessário desenvolver objetivos para se fortalecer e se curtir para estar apto a um novo envolvimento. De acordo Maria Izabel, o tempo para toda essa transformação é definida pela própria pessoa e depende de uma série de fatores que não estabelecem medidas de tempo convencionais. “Um ano, um mês, um dia? Não há prazos estabelecidos para se recuperar de um término de relação”, explica a psicóloga.
De acordo com a profissional, o primeiro passo para dar “adeus” à melancolia é investir em si mesmo. “Sem dúvida, ser preterido sempre traz prejuízos à autoestima, pois, após o momento inicial de raiva e de culpabilização do outro, a pessoa tende a atribuir a si mesma a responsabilidade pela perda, dando ênfase aos aspectos negativos de seu comportamento e se sentindo um ‘lixo’ por não ser capaz de manter um relacionamento”, explica.
É possível encarar o fim de um namoro com serenidade e voltar a ter uma vida social e amorosa depois do trauma
As consequências da perda de confiança também se potencializam por conta do universo social que vivemos. “Lembrando que as intensas cobranças e exigências da sociedade para que todos sejam desejáveis e invejáveis, o que significa ter um relacionamento perfeito e feliz, acabam intensificando a negatividade da autoestima e ampliando o sofrimento de quem é abandonado”, ressalta a especialista.
Dicas para enfrentar o fim
Assim que o término do namoro ou casamento acontece, seja por traição ou qualquer outro motivo, comece a agir. Segundo Maria Izabel, o ideal é tentar contar o término para parentes ou amigos. Dessa forma você consegue assimilar dentro de você mesmo os lados negativos do relacionamento e sentir a necessidade de mudança.
Mania entre boa parte das pessoas e péssimo para a “reabilitação”, voltar a falar com o ou a ex é considerado por alguns especialistas como uma armadilha. Espere, ao menos, dois meses para que seu coração volte aos trilhos.
Outra saída que se torna valiosa nestes casos é simples: mexa-se. Procure fazer atividades que reúna as pessoas que possuem os mesmos interesses que você. Faça exercícios, o que libera endorfina (que permite trazer bem-estar), e outros programas que multipliquem a alegria. Aproveite e se jogue, inclusive, em atividades que seu ex não gostava de fazer.
Após perceber os primeiros sinais de mudança dentro de si mesmo, note que está na hora de anunciar a novidade e altere alguma coisa no exterior. Mude a ordem dos móveis da casa, corte e pinte o cabelo, use aquele esmalte que você tanto queria e aposte em visuais que ressaltem sua beleza. Cuidar de si mesmo faz um bem incrível, principalmente neste momento.
Caso em algum momento sinta raiva do que aconteceu grite, extravase com exercícios e canalize essa energia para algo útil, como cuidar da própria casa. “O término de um namoro representa uma perda afetiva e, neste sentido, a pessoa que é preterida vive um processo de luto e de intenso sofrimento. Entretanto, não há fórmulas prontas para superar situações de perda, mas um elemento fundamental sempre é compreender o que esta perda representa na vida da pessoa, seu significado, trabalhar para transformar a situação em um processo de crescimento, que favoreça futuras relações”, diz Maria Izabel.
Imagem de capa: Shutterstock/Ann Haritonenko
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