Por Humberto Abdo
Alguns casos famosos de pessoas inspiradas em seus próprios sonhos já renderam obras marcantes: muitas das poesias de Edgar Allan Poe foram baseadas em seus sonhos e a letra de “Yesterday”, de Paul McCartney, também surgiu enquanto o cantor dormia.
Apesar disso, nem todos têm a sorte de lembrar detalhes de seus sonhos. Quantas ideias podem ter se perdido por causa disso? Esse é apenas um dos vários argumentos a favor de registrar no papel esses momentos.
Lembrar dos sonhos e poder interpretá-los serve como método para entender a si mesmo. Jayne Gackenbach, pesquisadora de sonhos da Universidade MacEwan, no Canadá, explica em entrevista ao Science of Us que, ao relembrá-los, você começa a notar certos padrões e anormalidades. Com o tempo, é possível usar essa noção para determinar quando estamos sonhando ou não.
O processo de descrever os sonhos em palavras também nos força a pensar mais ativamente sobre eles. Após a infância, é comum perdermos a habilidade de memorizar sonhos, mas tomar notas acaba funcionando como um exercício mental.
“Diários de sonhos também o ajudam a entender alguns sentidos da ‘vida acordado’”, disse Gackenbach. Os sonhos frequentemente oferecem um olhar sem filtros da sua própria realidade e são um tipo de paralelo da consciência de cada pessoa, como afirmou também o psicólogo Dylan Selterman. Mesmo assim, a memória humana muitas vezes é falha e essas lembranças podem variar com o passar do tempo.
“No período do sono, o cérebro vai fazer aquilo que sempre faz”, explicou Gackenbach. “Ele fornece inspiração criativa, regula as emoções negativas e, se conseguirmos acompanhar este processo, será mais fácil administrar essas sensações quando estivermos acordados.”
A pesquisadora observa que, para algumas pessoas, desenhar os sonhos pode ser um método mais fácil. Ela também recomenda dar títulos para cada sonho, o que “nos força a capturar a ideia essencial de cada um deles”.
Fora isso, não existem regras diretas para organizar seu próprio diário, mas o experimento é uma prática capaz de conectá-lo à própria psique e traduzir parte do que se passa dentro dela.
TEXTO ORIGINAL DE REVISTA GALILEU
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