Vivemos tempos em que quase tudo se torna descartável. As coisas têm sido feitas para ter uma vida útil relativamente curta e, assim que atingem esse limite, mesmo apresentando condições para continuar funcionando, já começam a ser vistas como algo obsoleto e fadado à desativação.
Os relacionamentos estariam sendo enquadrados nessa categoria?
Uma grande empresa de cosméticos veiculou há pouco tempo um comercial em que casais à beira de assinar a papelada do divórcio eram entrevistados, e a pergunta feita era por quais motivos esse casamento havia acabado.
Sem entrar nas questões de marketing do comercial, a proposta aqui é refletirmos sobre os comentários feitos pelos “ex-casais” entrevistados, sobre o que foi acontecendo durante a relação e quais seriam as razões responsáveis pelo término desses relacionamentos. Algumas palavras usadas pelos entrevistados ficaram marcantes, dentre elas temos: “rotina” e “se acostumando”.
Afinal, o que faz com que alguns relacionamentos, mais que outros, venham com “prazo de validade”?
Pensemos no seguinte:
Quando duas pessoas entram num relacionamento, uma mágica acontece: a operação aritmética 1 + 1 já não tem mais o resultado esperado 2. Em matéria de relacionamentos , 1 + 1 é igual a 3!
Isso ocorre pelo simples fato de que, quando duas pessoas se unem, surge dessa união um “terceiro indivíduo”. E não me refiro aqui aos filhos, mas a aspectos emocionais. Casais, sejam eles homo ou hétero afetivos, uma vez juntos criam uma instância emocional que é a consequência da junção dessas duas individualidades.
Dessa forma, relacionar-se implica investir emocionalmente de si e receber o investimento do outro sem se perder a própria individualidade nesse processo e essa é uma experiência rica e produtiva, mas que exige cuidado e constância.
Provavelmente já ouvimos em algum momento que um relacionamento equivale a uma planta que necessita de rega e adubação e essa figura de linguagem é pertinente, uma vez que esse relacionamento necessita, constantemente, de um olhar cuidadoso para que consiga sobreviver a todos os desafios que virão, dentre eles a rotina.
Para isso, três aspectos deverão ser considerados e adotados: Tempo, Tempo e Tempo.
É preciso de tempo, para que a relação se solidifique e para que essa “terceira entidade” cresça e se fortaleça. É preciso de tempo para, independentemente de quantos mais cheguem após essa união (filhos, agregados, compromissos), que esse casal invista nesse relacionamento, seja saindo sozinho, seja curtindo-se um ao outro em casa. E, finalmente, é preciso de tempo para cada um, em separado, investir em si mesmo, curtindo-se e fazendo coisas que lhe dão prazer, mesmo que algumas pessoas entendam que após a união tudo deva ser feito e compartilhado juntos.
Mesmo em tempos onde a total “falta de tempo” é a tônica principal, sem esses “tempos”, é bem possível que os relacionamentos tenham seus prazos de validade diminuídos.
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