Há dias que estamos tão “atolados” que só queremos chegar em casa e ler um bom livro, tomar um banho de espuma ou beber alguma coisa com os amigos. Fazemos isso com o intuito de relaxar e desconectar. Ao estar mais tranquilos, nos libertamos das preocupações e nos sentimos melhor, não é verdade?
Na sociedade atual, cheia de obrigações e tarefas por fazer, torna-se necessário dedicar um tempo para o nosso relaxamento. É muito bom poder se desconectar das formas que mencionamos acima, masAs situações que dissemos no início representam mais uma distração do que um método de relaxamento em si. Vamos ver o que isso realmente é!
A primeira coisa que você tem que ter e mente é o que dissemos no início… dar um passeio, passar um tempo com os entes queridos, ver um filme, fazer umas palavras cruzadas, etc., não são técnicas de relaxamento. É verdade que, por norma geral, tudo isso nos ajuda a desconectar dos problemas e das preocupações que temos.
Isso ocorre porque tudo isso nos ajuda a focar a nossa atenção em outra coisa e a nos distraímos daquilo que nos causa ansiedade, mas não necessariamente nos relaxa. De certo modo, nos mantemos ativos nessas atividades, enquanto o objetivo do relaxamento é desativar fisiologicamente, ou seja, fazer com que o nosso corpo entre em um estado de descanso.
Assim, como indica Herbert Benson, o relaxamento é um estado físico de descanso profundo que produz mudanças na resposta emocional e fisiológica ao estresse em oposição à resposta de luta-fuga. Isso quer dizer que nos serve para diminuir a ativação produzida pelo processo de estresse ou por alguns estados, como a ansiedade. Para conseguir relaxar, temos que controlar a ativação corporal.
As emoções são as respostas que o nosso organismo gera quando ocorrem mudanças em torno de nós, para que possamos nos adaptar melhor a elas. Desta forma, as emoções se manifestam através de três sistemas:
Esses sistemas são complementares entre si. Isto é, as alterações em um deles vão produzir mudanças no outro, de forma que a emoção vá se regulando. Portanto, a desativação do sistema fisiológico vai levar à desativação tanto do sistema motor, quanto do subjetivo.
De forma geral, o aumento dos níveis de ativação do corpo é uma resposta útil para lidar com as demandas que vêm de fora. Ele nos ajuda a superar situações de grande exigência. Quando esta ativação aparece perante condições nas quais não há exigências externas reais ou de forma muito intensa, duradoura ou reiterada, produz efeitos prejudiciais para a nossa saúde.
O relaxamento, ao buscar o contrário, nos ajuda a lidar com a ansiedade. Também foi mostrado que ele é adequado para tratar a insônia, disfunções sexuais, a dor crônica, tiques… mostrando ser um recurso muito importante para controlar a tensão do dia a dia, prevenir transtornos e melhorar a qualidade de vida. Para isso, é necessário levar em conta as exigências da situação, juntamente com os aspectos cognitivos (nossos pensamentos) e comportamentais que provocam a ativação.
Foi demonstrado que, ao reduzir a ativação corporal, ocorrem benefícios sobre o sistema subjetivo. Aumenta a sensação de calma e tranquilidade, assim como de paz e de bem-estar. Nos ajuda a reorientar a atenção, a ter um maior autocontrole e a conhecer as sensações corporais associadas às diferentes emoções. Desta forma, somos capazes de regulá-las melhor e veremos como as respostas de ansiedade serão reduzidas aos poucos.
Alguns de vocês poderão estar pensando: está bem, você me convenceu sobre os benefícios do relaxamento, mas eu tenho muitas dificuldades para relaxar, o que posso fazer? Em primeiro lugar, não se desespere! Existe alguém que seja capaz de correr 20 quilômetros sem treinamento prévio? Não, certo? É a mesma coisa com o relaxamento.
É necessário praticar, praticar e praticar todos os dias. Este é o fator mais determinante da eficácia do relaxamento. Mas não é só isso, é bom levarmos mais coisas em conta. A verdade é que “deixar a mente em branco” não é algo factível. Por isso temos que concentrar nossa atenção em um estímulo constante, como a nossa respiração.
Além disso, é necessário se deixar levar sem se preocupar com como você está indo. É muito importante, principalmente quando começamos a treinar o relaxamento, escolhermos o momento do dia e o lugar onde vamos praticar. É necessário evitar distrações e interrupções. Também é importante estarmos em uma posição confortável.
O objetivo de praticar o relaxamento é que o utilizemos em situações que nos gerem desconforto. Por exemplo, se notarmos que estamos nervosos no trabalho, a ideia é que possamos desativar e continuar com outra atividade. Isso é relevante. O objetivo de relaxar não é adormecermos, é apenas descansar e desconectar para realizarmos outra tarefa.
Para poder generalizar o treinamento, é necessário fazer isso de forma progressiva. Primeiro começaremos treinando em um ambiente tranquilo e silencioso. Assim que tivermos isso sob controle, devemos ir utilizando o relaxamento em situações que nos deixam cada vez mais nervosos. Começaremos por aquelas que não nos geram muita ansiedade e iremos aumentando o seu nível.
O relaxamento é, portanto, uma habilidade que podemos adquirir e melhorar. Assim que conseguirmos generalizar seu uso, seremos capazes de colocá-lo em prática em situações que nos deixam muito desconfortáveis. Assim, teremos um recurso que nos dá tranquilidade e que vai nos ajudar a lidar com situações desagradáveis que, de outra forma, evitaríamos. Por isso, vamos praticar!
Imagem de capa: Shutterstock/boomks
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