Doenças psicossomáticas são aquelas causadas por reações emocionais como tristeza, medo, etc. Elas afetam diretamente o corpo, produzindo doenças físicas. Algumas são comuns, dentre elas: úlceras, câncer, hipertensão e doenças do fígado. A Medicina Tradicional Chinesa acredita que não exista divisão entre o que é físico e o que é emocional. Para o oriental são coisas inseparáveis e por isso adoecem simultaneamente. Se observarmos vamos perceber que há muito fundamento nisso.

O fígado é o maior órgão interno do corpo humano, pesando cerca de um quilo e meio, só perdendo para a pele que é o maior órgão externo ao corpo.  O fígado desenvolve mais de quinhentas importantes funções no organismo. Participa do processo de digestão, armazena e metaboliza vitaminas, anula o efeito de drogas, estoca energia, produz compostos necessários à coagulação do sangue, promove eliminação de toxinas químicas produzidas pelo organismo e absorvidas por ele, efetua a filtragem mecânica de bactérias e controla o equilíbrio da água e do sal ideais para o bom funcionamento do corpo. Segundo a Medicina Chinesa a emoção que mais afeta e prejudica o Fígado é a raiva. A própria característica da personalidade da pessoa que vivencia uma raiva fora dos padrões normais sugere que a pessoa sofre de algum problema do Fígado.

A raiva, na verdade guarda outras emoções como a frustração e a mágoa. Ao sentir raiva busque sempre o que te frustrou. Toda frustração gera agressividade. Muitos indivíduos carregam raivas por anos, sem nem sequer manifestá-las. Isso pode causar depressão, apatia e doenças hepáticas. Se o fígado for afetado, outros órgãos também poderão ser, visto que as funções dele se refletem em todo o organismo.

Raiva não se guarda. Não se deve guardar nem engolir nem “mandar para dentro” nenhum sentimento que não seja bom. Mágoa, medo, tristeza, culpa… Todos eles devem sair, caso entrem. Há também como transformar essa energia ruim em algo bom. Pessoas mais propensas a ter raiva são pessoas mais dinâmicas, mais criativas e mais generosas, ou seja, pode-se mudar a polaridade desse impulso transformando-o em algo positivo.

Uma das principais formas de não sentir raiva é não se frustrar. Muitas vezes nos frustramos com eventos e com pessoas que não veem de encontro às nossas expectativas. Vive melhor quem controla seus anseios em relação ao outro e ao mundo. A intolerância generalizada que se vê na sociedade atual vem da frustração. Estamos tendo muita dificuldade em aceitar o que é diferente de nós em todos os aspectos, isso tem gerado muita raiva e ela pode se refletir no que temos de mais fraco: o nosso corpo. Como descrevi acima, uma das principais funções do fígado é a filtragem de praticamente tudo que entra no nosso organismo. Se muita coisa ruim entrar, haverá uma sobrecarga no órgão e isso pode terminar nos adoecendo. O que é ruim não pode entrar. Assim como o álcool é considerado um dos maiores inimigos da função hepática (imaginem a força que o fígado faz para eliminar uma substância tão estranha e tóxica como essa), talvez a raiva venha logo em seguida. Todos nós já sentimos raiva, o que muitas vezes não percebemos é o quanto ela desorganiza e prejudica todo o nosso equilíbrio. Muitos relatam sentirem dores abdominais, outros tremem, outros necessitam descarregar o alto nível de adrenalina esmurrando portar, atirando coisas, batendo em outras pessoas e outros choram catarticamente. Enfim não é um sentimento bom, só guardamos o que nos serve e o que nos presta – concluindo: raiva não se guarda. Se você decidir guardar, vai guardá-la no fígado e isso vai acabar dando errado.

Para nos livrarmos da raiva precisamos estar dispostos a nos ajudar. A ajuda vai vir da psicoterapia e vai vir dos amigos. Não se envergonhe em buscá-los, buscar ajuda é sinal de humildade, mas vale lembrar que a maior ajuda vai vir de você. Quem esconde a raiva não aceita que de alguma forma errou, nem que precisa mudar e que precisa melhorar e corre o risco de adoecer seriamente por orgulho e teimosia. Se livre de tudo que lhe faz mal.

IMPORTANTE: Se você anda “ruim do fígado”, procure ajuda. Procure ajuda psicológica, procure os seus amigos e lembre-se que existem médicos especialistas no diagnóstico e tratamento das doenças hepáticas. Nosso corpo e nossa mente são, na verdade, uma só coisa.

Viviane Battistella

Psicóloga, psicoterapeuta, especialista em comportamento humano. Escritora. Apaixonada por gente. Amante da música e da literatura...

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