As críticas percorrem os relacionamentos mais relevantes de nossas vidas, que são aquelas críticas honestas que não podemos negligenciar. Elas criam em nós uma reação propositiva, desde que haja uma troca saudável nessas avaliações, visando o aprimoramento das relações interpessoais.
Sabemos que não é possível educar os filhos sem corrigi-los. Não é possível ensinar os alunos sem mostrar seus pontos fracos. Não é possível qualificar os trabalhadores sem mostrar seus erros. Não é possível esconder dos pacientes suas falhas em cuidar da sua própria saúde. Isso vale para outras situações, considerando que as críticas devem ser feitas de forma dignificante.
Porém, existem as críticas desonestas que não enxergam nada de bom nas pessoas, como por exemplo: pais que educam seus filhos de um modo autoritário, transformando-os em adultos inseguros, professores severos que reprimem seus alunos, impedindo que eles expressem seus talentos, fiéis que vivem num ambiente religioso de julgamentos, bloqueando seu potencial.
Sidarta Gautama, o Buda, questionou esse tipo de crítica: “Haverá neste mundo algum homem suficientemente modesto, suficientemente humilde, para não dar importância ao fato de ser criticado, assim como um cavalo bem treinado não perde o controle quando atingido pelo açoite”?
Em outras palavras, Buda está dizendo que o sábio, seja um homem ou uma mulher, que analisa imparcialmente a crítica feita contra si, que vê nela alguma razoável amostra de verdade, mesmo minúscula, e ao achá-la, faz uma força intensa para melhorar.
No entanto, quando críticas são destrutivas, ou seja, tomadas pela falsidade ou desonestidade, devemos ignorá-las por completo. Hoje, vivemos o – império da grosseria – nas redes sociais, onde as críticas são corrosivas e os elogios duvidosos, com algumas exceções, portanto, não podemos criar expectativa nisso.
É por isso que devemos exercitar o livre-arbítrio em nossa vida, pois se encaramos o mundo apenas pelo viés das críticas podemos sucumbir a uma crise existencial. Contudo, os elogios autênticos têm elementos pedagógicos, uma vez que nos ajudam a viver com mais confiança em relação a nós mesmos e com os outros.
Enfim, as críticas e elogios verdadeiros possuem os mesmos conteúdos psicoterapêuticos sempre que estiverem alicerçados na ética e no respeito. Aliás, esses princípios foram ensinados pelos grandes mestres, como Jesus, Buda, Sócrates e Freud, que são uníssonos em anunciar “se estamos bem mental e espiritualmente nada nos perturba ou desequilibra.”
Jackson Buonocore
Sociólogo e psicanalista
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