A ingratidão é um erro grave cometido contra aquele que ajudou o ingrato, que se transforma num sentimento doloroso de decepção, abrindo-se uma ferida na alma. Não é por acaso, que escritores, poetas, teólogos e filósofos criticam os comportamentos que denotam a ingratidão.
Muitas pessoas se queixam que investiram emocional ou financeiramente nos relacionamentos com os filhos, cônjuges, namorados, parentes, amigos, colegas, sócios e outros, porque perceberam que foram enganadas por atitudes de ingratidão, que muitas vezes são vistas como uma traição.
Então, surgem as dúvidas: Por que certos filhos são desleais com o coração dos pais? Por que alguns cônjuges, parentes, amigos e sócios traem a nossa confiança? Foi por desamor? Houve falta de humildade dos ingratos? Johann Wolfgang Von Goethe, filósofo alemão, responde com firmeza esses questionamentos: “Ingratidão é uma forma de fraqueza. Jamais conheci homem de valor que fosse ingrato.”
Não há dúvida, que a alma e o coração das pessoas generosas sofrem com a ingratidão, visto que se sentem desconsideradas ou tratadas com desrespeito. No entanto, a maturidade emocional nos mostra que devemos sair do ciclo de danos, que causa a ingratidão. E, além disso, precisamos entender que ela faz parte inexorável das adversidades da vida.
Por outro lado, não podemos conceder a generosidade, que pode ser material, econômica e afetiva, esperando receber reconhecimento seja de quem for. Aliás, é importante ter em mente que existe gente inescrupulosa, que se faz de “coitadinha”, para receber algum benefício sem fazer nenhum esforço para merecê-lo. É como afirmou Jesus: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas”.
Sendo assim, não podemos esperar a gratidão pelos nossos gestos de bondade, uma vez que vivemos numa sociedade imediatista, que tem uma memória curta, onde impera o “toma lá dá cá”. Leon Tolstói, escritor russo, nos ensina: “Se seu coração é grande, nenhuma ingratidão o flecha, nenhuma indiferença o cansa.”
Enfim, sabemos que existem sujeitos ingratos e não temos como mudar isso, contudo, nós podemos ser gratos, que é uma postura ética de seres humanos – que agem com reciprocidade – com seus semelhantes, um conceito presente em várias culturas e religiões, como uma norma de convivência saudável. É como disse o líder espiritual Dalai Lama: “Cultivar estados mentais positivos como a generosidade e a compaixão decididamente conduz a melhor saúde mental e a felicidade”.
Jackson Buonocore
Sociólogo e psicanalista
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