Essa frase “Se você ama, sofre. Se não ama, adoece” é uma das mais notáveis de Sigmund Freud, pois ela nos revela que no momento que nascemos e abrimos os nossos olhos para o mundo, já sofremos de uma ausência: a carência do outro.
Porém, quando nos tornamos adultos sabemos que o amor converge em diferentes modos de sofrimento: que vão desde amar e não ser amado, da perplexa revelação de que amor não resolve tudo, e de que existem pessoas que não querem amar.
Por caminhos confusos ou enviesados, alguns homens e mulheres acabam entrando na pior forma de amar: que é o amor patológico que atinge, sobretudo, as mulheres que não conseguem estabelecer relações emocionalmente estáveis.
Para as pessoas que amam demais, ou seja, de maneira obsessiva, apaixonar-se é algo cruel e, ao mesmo tempo fascinante para esse imaginário romântico, que mora na cabeça e no coração de gente que acredita, cegamente, que esse tipo de amor é grandioso, e que exige sacrifício e despersonalização.
Na verdade, estamos falando de um sentimento incontrolável, que não nasce de emoções saudáveis por alguém, mas de uma carência insuportável que provoca ansiedade e angústia, atordoando a vida, dos que amam demais, e que por isso sofrem e adoecem
Essa é uma sensação químico-física de um amor, que se caracteriza como patológico: como se fosse à dependência de um poderoso alucinógeno, que mantém os indivíduos a permanecer em relações abusivas por medo de serem abandonos.
As turbulências do amor patológico têm levado eles ou elas aos consultórios psicoterapêuticos, com problemas de sono, aflições, dificuldades de concentração, alterações alimentares e outras disfunções, em consequência dos desleixos que ocorrem na codependência.
Assim, o amor patológico pode ocorrer com pessoas de diversas idades, opções de gênero e níveis sociais, mas não apenas entre casais. Por exemplo, algumas mães gostam tanto de seus filhos que acabam com o namoro deles e têm amigos que apresentam ciúmes doentio um pelo outro, impedindo que eles vivam a própria vida.
É como disse o poeta português Luís de Camões: “Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente.” Entretanto, esse fogo e ferida podem se transformar em uma patologia, em que as pessoas que amam demais se sujeitam a humilhação e a submissão para estar com o outro.
Nesta citação de Freud, descobrimos que a marca do amor é a ambivalência, que pode se confundir em uma relação de amor e ódio, que podemos traduzir no conflito entre a pulsão de vida (Eros) e a pulsão de morte (Tânatos), que costumam enlaçar de amor homens, mulheres, que misturam seus “deuses” e “demônios”.
Portanto, o amor patológico funciona como um pêndulo entre o Eros e o Tânatos, mas com a curva para a pulsão de morte. Contudo, para desenvolver um amor maduro, sábio e responsável, como nos ensina o psicanalista Erich Fromm, é necessário trabalharmos quatro dimensões: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.
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