Se você quiser ser famoso, não vá a festas

Um grande amigo me deu uma grande ideia, que era basicamente sobre como quando nós conhecemos os famosos, eles deixam de ser famosos. Eles se tornam comuns. Eles se tornam às vezes tão chatos ou mais chatos que até nós mesmos. Se tornam tão humanos quanto nós. Até então, não eram nem humanos, eram famosos. Celebridades.

Charlie Chaplin teve o desprazer de reconhecer isso em sua vida e nos fez o favor de escrever um pouco disso em sua autobiografia, My autobiography.

“Quando meu colega soube que estava indo a Nova York para completar um de meus filmes, ele me deu um conselho excelente. ‘Você fez um sucesso notável’, disse ele, ‘e tem uma vida maravilhosa pela frente, se você souber lidar consigo mesmo. Quando você chegar a Broadway, Nova York, mantenha-se longe do olho do público. O erro que muitos atores bem sucedidos cometem é que eles querem ser admirados e vistos. Ou melhor, vistos e admirados. Isso apenas destroi a ilusão’. A sua voz era profunda e ressonante. ‘Você vai ser convidado para todo lugar, com todo mundo. Mas não aceite, escolha um ou dois amigos e esteja satisfeito imaginando todo o resto. Muitos grandes atores cometeram o erro de aceitar a todos os convites sociais. John Drew era um exemplo, ele era o favoritíssimo dos high-society, ia em todas as suas casas, porém, eles não iam aos cinemas ver seus filmes, apreciar sua arte. Eles já tinham ele em sua cozinha, pra que ir nas peças? Você cativou o mundo, Charlie, e você pode continuar o que está fazendo se você se manter fora disso tudo.'”

Não precisa ser famoso pra entender o que o amigo de Charlie quis dizer com esses conselhos. Uma pessoa cria ilusões a respeito do que não conhece, admira o que tem vontade de chegar perto e inveja o que não consegue ter. Eu e você tivemos a oportunidade de conhecer alguém que podemos chamar de “famoso” e acho que é visível que são pessoas as vezes até mais chatas que você mesmo! São pessoas comuns, são pessoas que vestem ilusões que nós mesmos temos o prazer de abotoar as vestes.

A lição que, mesmo não sendo famoso, fica com essas cartas de Chaplin é que as pessoas e seus preconceitos agem muito antes da oportunidade de conhecer alguém. E, muitas vezes, conhecer alguém realmente é mais chato do que imaginar como essa pessoa é em sua intimidade, suas horas vagas e divertimentos. Talvez o mais festeiro dos atores em filmes seja um cara que gosta de tomar chá e observar o sol se por. Talvez o jogador de poker destemido seja um nerd cauteloso em seu dia a dia. Talvez o guitarrista do Slayer seja um doce. Talvez a Claudia Leitte seja tão intelectual que queira escrever uma biografia.

Talvez alguém seja exatamente o oposto do que você imagina.

Julio Cezar A. Melo

É produtor de Arte e pesquisador das relações sociais humanas e suas problemáticas. Graduando em Psicologia, acredita que o modo de ser crítico e autêntico é fundamental para a melhoria da vida em sociedade e na auto-realização. Ao longo tempo e experiências, se especializou em artes visuais e música, assim, pode expor suas idéias das mais variadas formas, como o desenho, música e escrita, acessando os mais diversos públicos.

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