COLABORADORES

Separação e novos amores na maturidade

 

Esse foi o tema do debate em um programa de rádio do qual participei. Com um número crescente de pessoas vivendo mais tempo e com melhor qualidade de vida, há oportunidade de fazer novos projetos, expandir interesses, mudar de profissão, fazer novas amizades e iniciar relacionamentos amorosos após a separação ou a viuvez. Quando um ciclo termina, outro começa. Afinal, o amor é eterno, mas os amados podem mudar…

Não é fácil fazer a travessia das perdas, mas elas são inevitáveis na vida de todos nós. Vida que segue. O tempo necessário para digerir perdas importantes é muito variável. Porém, quando a separação resulta em descrença da possibilidade de ser feliz com outra pessoa torna-se ainda mais difícil abrir o coração. Isso acontece quando nos deixamos tomar pelas lembranças amargas da desilusão e da decepção. Reconhecer que, apesar das dificuldades que surgiram e resultaram na separação, essa relação teve bons aspectos e “deu certo por um certo tempo”.

Amores e desamores fazem parte da nossa história e contribuíram para o que somos hoje. Apesar de ser mais fácil acusar o outro e responsabilizá-lo pelos problemas, reconhecer o que fizemos nos aspectos bons e ruins do relacionamento que terminou é essencial para nosso desenvolvimento pessoal.

Na travessia do tempo, determinação e coragem para desbravar caminhos.(Fotografei no Museu de Arte Naif, em Zagreb, Croácia).

O preconceito social contra o envelhecimento, juntamente com a excessiva valorização do corpo jovem, faz com que muitas pessoas (sobretudo as mulheres) se sintam invisíveis (“Ninguém mais olha para mim”). Isso inibe e desencoraja possíveis aproximações. No entanto, amar é possível em qualquer idade – rugas e pele flácida não impedem a atração e o desejo para os que ousam perceber a beleza essencial.

A sexualidade madura pode ser ainda mais prazerosa do que na juventude quando nos libertamos da tirania do desempenho (a “transa como deve ser”) e da vergonha do corpo “imperfeito”. Isso possibilita um autoconhecimento mais refinado dos próprios caminhos do prazer e a percepção mais acurada do corpo sensível da pessoa amada. Quando atingimos essa etapa, descobrimos que a pele de todo o corpo é uma grande zona erógena que pode revelar novos matizes do prazer pela exploração da sensualidade e do erotismo, com criatividade, ternura e capacidade de brincar.

Maria Tereza Maldonado

É Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-RIO, onde lecionou no Departamento de Psicologia. É membro da ABRATEF (Associação Brasileira de Terapia Familiar). Tem mais de 40 livros publicados sobre relações familiares, desenvolvimento pessoal e construção da paz, com mais de um milhão de exemplares vendidos.

Recent Posts

Introdução ao EMDR: uma abordagem científica e eficaz

Entenda como o EMDR pode ajudar brasileiros no exterior a superar traumas e desafios emocionais.

15 horas ago

Influenciadora é alvo de investigaçaõ após forjar o próprio sequestro porque estava ‘entediada’

“Eu não bebo nem vou à balada, então é assim que eu encontro meu entretenimento”,…

16 horas ago

O casal que ganhou R$ 465 mil na loteria e morreu sem gastar sequer um centavo do prêmio

“O prêmio da loteria deveria ter sido uma vitória, mas tudo piorou desde aquele dia.",…

16 horas ago

Atriz de ‘Mulher Maravilha’ descobriu coágulo no cérebro durante a gravidez: “Fim do túnel”

"Minha família e eu percebemos o quão frágil a vida pode ser.", desabafou a atriz…

2 dias ago

Sua mesa de trabalho está sempre bagunçada? Saiba o que a psicologia revela sobre isso

Uma mesa de trabalho bagunçada não é apenas sinal de descuido, ela tem tem muito…

2 dias ago

Ex-pedreiro assume como juiz do Tribunal de Justiça de Rondônia

Nascido em uma família humilde, Eliezer Nunes Barros precisou deixar os estudos ainda jovem para…

4 dias ago