Os casais, hoje, não buscam um psicólogo só quando estão nas vias de separação, mais informados sobre nossa função e o quanto podemos ajudar, nos procuram porque querem mais qualidade na vida a dois.
Uma queixa comum entre os casais são as brigas, por isso, normalmente, ao iniciar um processo terapêutico eles têm a expectativa de alcançar o extremo: não brigar mais. Este pedido não poderia ser diferente, já que a compulsão por brigas leva a desgastes, mal-estar e afastamento; mas será que é possível nunca brigar? Será que esta é a solução de fato? Ou será que é preciso apenas saber brigar?
Embora as brigas estejam associadas ao desamor, ataque, sentimentos negativos, elas não são de todo ruim, são uma forma de mostrar opinião, individualidade, potencial, uma forma de se fazer conhecer, são úteis para que os parceiros identifiquem os conflitos e para que reconheçam os limites de tolerância. Não brigar ou evitar sempre as brigas pode ser tão ruim quanto brigar por qualquer coisa. Se evitá-las não é a solução, o jeito é aprender a brigar. Inclusive, este aprendizado pode ser um passo contra ações de violência, pois numa briga construtiva tem-se o controle sobre os sentimentos violentos.
A primeira coisa, para ter uma briga leal e com habilidade, é tomar consciência da sua responsabilidade no desfecho. Na maioria das vezes, a pessoa se vê como refém e não percebe que é atuante na sua história, responsável por desencadear este momento na vida do casal. Reconhecer sua contribuição e responsabilidade na briga, permitirá avaliar e acompanhar as mudanças decorrentes deste processo. A segunda coisa é saber que existem diferentes tipos de brigas, e algumas delas são inúteis. O que isso significa?
Que você vai brigar sem alcançar resultados e evoluções, vai desperdiçar tempo e energia. São exemplos, as brigas repetitivas, elas acontecem sempre da mesma forma e o casal não reconhece o que está por traz delas; outro exemplo são as insolúveis, a briga não vai auxiliar a chegar numa solução porque o que a motiva é algo que não depende dos dois. Portanto, perguntar antes de iniciar uma briga o PRA QUE começá-la, o que está me incomodando e o que espero do outro nesta situação, possibilita fazer uma autoavaliação e evitar um desentendimento desnecessário.
O terceiro aprendizado para brigar com qualidade é COMO brigar, alguns cuidados aqui podem fazer diferença. Vamos conhecê-los: não usar violência física; evitar acusações e focar na expressão de sentimentos (“eu me sinto…”); concentrar num assunto, pois trazer outras questões que já aconteceram impede o casal lidar com o tema presente; para uma briga funcional é preciso focar no agora, sem desenterrar questões do passado; saber o tempo de falar e de ouvir. Enfim, se fugir das brigas não é a solução, vale desenvolver habilidades para brigar com mais qualidade e construir uma relação mais saudável e feliz.
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