As pessoas fazem a si mesmas ou às pessoas próximas esta pergunta de forma mais frequente a cada dia: como saber quando seríamos beneficiados com o uso de um psicofármaco?
Logo de antemão, há dois preconceitos na cultura que devem ser discutidos:
1.) O preconceito que vê a medicação psiquiátrica como uma substância que vai “dopar”, “anestesiar”, “deixar abobado”, “causar dependência para sempre”, e que vai apenas sedar a pessoa diminuindo a consciência de seus próprios problemas.
Essas desconfianças correspondem a alguma realidade? Sim. Devido ao uso indevido dos psicofármacos por parte da classe médica ou mesmo independente dela (isto é, pela população), essas medicações foram muitas vezes utilizadas de forma errônea, em doses excessivas, sem uma indicação clara do “para quê” estavam sendo utilizadas.
O resultado disso foi que muitas pessoas entenderam o efeito da medicação como resultado de um uso errôneo da própria medicação, e passaram a associar este uso às sensações de sedação, apatia, desinteresse geral e surgimento da obesidade, o que na verdade se trata de EFEITOS COLATERAIS DE MEDICAÇÃO USADA EM EXCESSO.
Não há hoje um profissional que utilizasse um psicofármaco para obter esses efeitos, já que os EFEITOS TERAPÊUTICOS são outros, muito mais úteis para o sujeito que procura alívio para um sofrimento emocional.
2.) O preconceito que surgiu mais recentemente, porém causando não menos estragos, que vê a medicação psiquiátrica como a “pílula da felicidade”, uma substância mágica que vai tornar o indivíduo “feliz”, “bem resolvido”, “tranquilo”, “eficiente”,” proativo”, “sem conflitos”, “otimista”, e inúmeros outros adjetivos que sinalizam uma vida equilibrada e sem conflitos. Nada mais irreal.
Os psicofármacos são substâncias que se usadas nas doses adequadas e pelo período adequado podem tratar sintomas de condições clínicas BEM DEFINIDAS, tais como ansiedade, depressão, síndromes delirantes, dores crônicas, e inúmeras outras. A felicidade, por sua vez, não é o contrário de uma doença emocional; a angústia não é nem mesmo patológica (dependendo da situação da vida onde ocorre).
Bem, então, como saber se posso ser beneficiado pelo uso de uma dessas substâncias? A resposta corre o risco de parecer simples, mas não é: PROCURE UM PSIQUIATRA. Essa resposta implica, no entanto, em ter a clareza de que procurar um psiquiatra não é a mesma coisa que sair da consulta com uma receita que resolverá sua vida. O psiquiatra, quando bom profissional, vai conversar com seu paciente e focar nos seguintes pontos:
Levando em conta essas considerações introdutórias, responderíamos à questão inicial “será que seria o caso de eu usar uma medicação psiquiátrica?” com a seguinte sugestão: “CONVERSE SOBRE ISSO COM SEU PSIQUIATRA DE CONFIANÇA!”
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