COMPORTAMENTO

Seu amor não é correspondido? Pare de tentar encontrar os motivos…

Por Caren Nakashima

 

Já escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade: “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Lili que não amava ninguém…”, na poesia intitulada Quadrilha. Assim como João, Teresa, Raimundo e Lili, você não escolhe por quem se apaixona e, por isso, corre o risco de não ser correspondida. Triste, mas essa é a realidade, que ainda conta com dor de dente, dias chuvosos, telefonemas que caem na caixa postal e, claro, amores não correspondidos. A primeira (e ótima) constatação que fazemos sobre esse fato é que uma hora passa. Oba! Mas até lá, como agir? Torcer o nariz cada vez que uma amiga dispara a fatídica “ele não te merece”, se mandar para o Tibete e fazer um retiro espiritual ou perseguir o seu objeto de afeição até que ele seja vencido pelo cansaço? Nãoooooo. Convença-se de uma vez por todas que se vocês não estão juntos é porque ele não gosta de você e não vai mudar de idéia tão cedo. Caso mude, pode ter certeza que você será a primeira a saber.

Por que você gosta de quem não gosta de você?

Embora os assuntos do coração sejam um mistério tão grande para a humanidade quanto o monstro do Lago Ness ou o terceiro segredo de Fátima, o pensador e escritor francês Stendhal criou uma ótima teoria sobre a paixão. Segundo ele, os ingredientes principais para se apaixonar são a admiração que se sente pelo outro e um pouquinho de insegurança. Sabe quando você acha, mas não tem certeza absoluta se aquele cara maravilhoso quer ficar com você? Esse é o terreno perfeito para a paixão se instalar. O problema é quando essa ausência de comprovação tem fundamento porque ele realmente não se interessou por você tanto quanto a recíproca. Aí, amiga, dói. E dói bastante. Você pode sofrer muito. Já passou por isso? Está passando? Calma. Não é a primeira vez e, talvez, não seja a última.

Como assim?

Assim, oras! Tem tanta gente no mundo sofrendo por causa disso porque é uma tendência. Não uma moda, mas algo muito fácil de acontecer. É que o ser humano tem a mania de admirar no outro alguma qualidade que não possui. Esse simples fato já coloca lá no fundo da nossa cabeça que ele é melhor e as chances de se apaixonar pela gente são remotas. Não que tenhamos que olhar apenas para quem é parecido conosco, mas se encantar sempre por aquele tipo de cara que não tem nada a ver com você diminui muito as chances de ser correspondida. O passo seguinte é alimentar a esperança. Seja porque existe um relacionamento meia-boca, quando o cara até fica com você de vez em quando mas nunca assume nada: nem um relacionamento e nem um sentimento, ou porque ele retribui seus olhares, não é ríspido ao telefone ou dá uma esperançazinha. Aí mora o perigo…

A esperança é a última que morre. Chegou a hora de assassiná-la

“Eu acho que no fundo ele gosta de mim, porque nunca disse que não gostava.” Você proferiu essas palavras alguma vez ou ouviu da boca de uma amiga? Eu já! Tanto falei, quanto escutei. E essa é uma das maiores ciladas da humanidade. A gente se agarra a um sinal bobo, a uma ilusão até, e alimenta o monstro da decepção. É necessário entender que alguns caras não são totalmente claros em relação ao que sentem. Usando de boas intenções, não falam com todas as letras que não estão a fim, para não magoar. Mas o machucado que provocam é maior porque alimentam a tal esperança que leva o amor não correspondido pra frente. Esqueça o ditado “a esperança é a última que morre”. Ela deve ser sepultada já. É um bom começo pra curar a dor.

E o que mais?

Outra medida eficaz para esquecer o que não deve ser lembrado é enumerar todos os defeitos de quem você gosta. Exatamente como todo mundo, ele não é perfeito, pode ter certeza. Por mais que pra você pareça, ele também tem um monte de características que ficam escondidas sob a aura imaculada que você própria pintou sobre ele. Lutar contra a admiração que se sente pelo outro é um dos remédios no tratamento do combate ao amor não correspondido. Já avisamos, é como um regime: fácil de falar mas difícil de executar. Tem que ter força de vontade e, em casos extremos, procurar ajuda profissional, como a de um psicólogo.

TEXTO ORIGINAL DE MULHER

Imagem de capa: Shutterstock/Dmitry Bakulov

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