Que o sistema de educação público precisa de melhorias todo mundo já sabe, também já é de conhecimento da maioria que hoje em dia os pais repassam para a escola uma responsabilidade e um papel que não lhe cabe, como por exemplo, afeto e educação emocional.
Muitos pais não acompanham o desenvolvimento dos filhos durante o ano letivo e depois ao final do ano letivo querem cobrar do professor um resultado positivo em relação as notas dos filhos, como se o professor fosse o culpado pelo péssimo desempenho do aluno.
Com isso o que o professor recebe? Agressividade por parte dos pais que terceirizam suas obrigações – que inclusive até explica a agressividade do aluno em sala de aula – cobrança de questões que não cabe ao professor resolver: problemas emocionais dos filhos.
O que acontece? O filho é agressivo em sala de aula, não faz as tarefas e com isso tem uma péssima nota, além de atrapalhar o professor e os demais alunos no andamento dos estudos em sala. O que esses pais fazem? Esperam chegar ao final do ano – não comparecem em nenhuma reunião durante todo o ano letivo, não acompanham os filhos nas tarefas de casa – e se acham no direito de culpar o professor por esse baixo rendimento, defendendo o filho em situações em que o mesmo deveria ser corrigido, educado.
Temos também que ressaltar a desvalorização do professor, que vai desde os baixos salários, carga horária excessiva, excesso de atividades de trabalho levado para casa (sem que seja remunerado por isso), agressões verbais por parte dos alunos e muitas vezes também dos pais e muitas vezes até agressões físicas, excesso de cobrança por parte da própria escola que também precisa mostrar bons resultados, baixo nível de autonomia e de participação nas decisões, impossibilidade de promoção. E o que isso tudo resulta para o professor? Adoecimento emocional.
Toda essa rotina pesada e estressante acaba interferindo na saúde mental dos professores, tornando cada vez mais comum entre eles o diagnóstico da Síndrome de Burnout. Essa síndrome aparece ligada ao estresse profissional crônico, e se não tratada pode evoluir muitas vezes para uma depressão ou até mesmo a ansiedade patológica. Quando o professor espera que o seu trabalho seja fonte de prazer, seja por amar o que faz, seja também por passar boa parte dos seus dias em um ambiente escolar, e não recebe desse ambiente o que se esperava, ele passa a viver frustrado, conta os dias e as horas para a semana passar logo.
Vive triste por enfrentar situações desgastantes em sala de aula, tendo que lidar inclusive com os problemas emocionais enfrentados por seus alunos (alunos que vão pra escola sujos, que relatam violência em casa, abandono familiar, além de apresentarem dificuldades de aprendizagem) e assim os professores carregam além dos seus problemas pessoais também os problemas dos seus alunos, chegando assim em um total nível de estresse e exaustão.
É preciso que o professor saiba identificar esse momento em que se torna insustentável viver dessa forma, em que a tristeza e frustração virou rotina, e que identifique algumas características:
A superação dessa síndrome pode vir por meio da psicoterapia, nas sessões é possível lidar com todas essas angústias e desacelerar, construindo assim recursos emocionais, para além de se livrar da síndrome também não cair em uma depressão ou ansiedade patológica. É preciso que busque ajuda profissional e entenda que o tratamento vai muito mais além do que somente medicação e não se esqueça: ter um transtorno mental é mais comum do que se pensa. Psicólogo não é coisa de gente louca. Quando temos uma dor física é natural procurarmos um médico para termos nossa saúde física novamente. A dor emocional/psicológica também precisa ser tratada, é totalmente natural procurar um psicólogo!
Imagem de capa: Shutterstock/Marcos Mesa Sam Wordley
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