Você sabia que mais crianças são diagnosticadas com autismo que Aids, câncer e diabetes juntos? Este artigo tem como objetivo alertar a sociedade sobre o que é o autismo, suas causas, os principais sintomas e os métodos de tratamento. Se você conhece uma criança que apresenta os comportamentos a seguir, oriente a família a procurar um pediatra. Quanto mais cedo o autismo for diagnosticado, melhores serão os resultados do tratamento.
O autismo é um transtorno psiconeurológico global (generalizado) do desenvolvimento infantil que é caracterizado pela tríade linguagem, comunicação e comportamento, causando deficit nas áreas sensorial, da imaginação e apresentando prejuízo cognitivo, relacional, comportamental e das habilidades psicomotoras, bem como na área da linguagem dificultando assim a interação social, ou seja, a socialização da criança por não responder adequadamente ao ambiente. Os comportamentos são restritos, repetitivos e padronizados, como maneirismos e gestos estranhos. São característicos também a ecolalia (repetição de sons), e as estereotipias motoras (movimento dos braços como asas de passarinho, movimentos pendulares, girar objetos e girar em torno do próprio corpo, caminhar na ponta dos pés). Existe enorme dificuldade de relacionamento com outras crianças, pois elas não brincam no processo imaginário do “faz-de-conta”, não imitam gestos e geralmente não gostam de ser tocadas, parecendo que vivem em um mundo à parte. Uma característica marcante é que estas crianças não olham diretamente nos olhos.
Um aspecto que precisa ser desmistificado é aquele que diz que o autista não faz (ou não gosta de fazer) vínculos afetivos; ele gosta sim, apesar da dificuldade que enfrenta, sendo o afeto um diferencial na vida deles. A dificuldade relacional do portador de autismo muitas vezes pode ser confundida com falta de educação ou falta de imposição de limites por parte dos pais. Dentre estes sinais temos: não manter contato visual, agressividade e/ou destrutividade, resistência ao contato físico, apego aos seus objetos pessoais, geralmente não “querendo” compartilhar com outras crianças, sendo muitas vezes arredio e não se socializando eficazmente. Sendo assim, faz-se necessário conhecer a Síndrome do Espectro Autístico e seus sinais para que possamos compreender e respeitar as limitações de seus portadores, pois eles precisam do nosso apoio e carinho. Sem o conhecimento comportamental e a compreensão semiológica, é impossível proceder a esta compreensão tão necessária.
Não existe uma causa específica para o autismo, mas poderemos enumerar que dentre os inúmeros fatores que explicam o autismo, podemos destacar: Causas neurofisiológica, neurobiológica e a genética (esta última com 80% dos casos). A Síndrome Autística ou Transtorno do Espectro Autístico-TEA (assim se chama porque existem vários tipos de autismo, várias nuances dentro de um espectro com quadros sintomáticos diversos), afetando 70 milhões de pessoas no mundo (dados da ONU), 1 criança a cada 88, sendo sua prevalência de 4 meninos para 1 menina. Os sintomas surgem por volta dos 3 anos de idade e continuam por toda a vida, sendo o diagnóstico precoce um diferencial importantíssimo. Hoje não se fala mais em autismo, mas sim, em Espectro Autístico, que se divide em níveis ou graus, tais como os enumerados a seguir: PDDNOS, Asperger, Autismo Verbal, Autismo (com ecolalia) e Autismo Não Verbal.
A Síndrome do Espectro Autístico se manifesta até o 3° ano de vida, mas pode ser feito um diagnóstico precoce em torno dos 6-8 meses, otimizando assim o resultado da intervenção. Embora não tenha cura e dure por toda a vida, o diagnóstico precoce é um diferencial importante na qualidade de vida da criança portadora de autismo. O tratamento engloba intervenções médicas, psicológicas, educacionais, sociais e institucionais. A família deve estar preparada e orientada para lidar com o seu novo membro. O Método ABA (Appliesd Behavior Analysis) e o método Teacch (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children) são dois recursos que têm mostrado eficácia nos seus resultados com pessoas autistas de todas as idades para desenvolver as potencialidades em comportamento direcionado para a aprendizagem, o convívio/integração/inclusão na sociedade em qualquer contexto que se apresente.
Em 27 de dezembro de 2012, no Brasil, foi criada a Lei Nº 12.764 chamada Lei Berenice Piana e através desta, o Brasil instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Apesar da lei ter sido criada, observamos que a sociedade ainda é desinformada e não está preparada para lidar com as pessoas portadoras de autismo.
Imagem de capa: Ilustração: Luda/SAÚDE é Vital)
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