A palavra síndrome vem do grego “syndromé”, que significa reunião, um termo empregado na medicina e na psicologia para caracterizar um conjunto de sinais e de sintomas, que determinam uma patologia, mas que não deve ser considerada como uma doença.
Essa expressão se enquadra na Síndrome do Pequeno Poder, que é uma atitude opressora por parte de um indivíduo que, ao ganhar o poder, utiliza de modo autoritário, mostrando sinais de escassa inteligência emocional e de bom senso, pois passa agir como um tirano que abusa dos limites da autoridade.
Além disso, a Síndrome de Pequeno Poder, é um desvio de conduta da pessoa que não tem poder nenhum, porém ao imaginar ter, ela age de forma indevida para ocupar um cargo de mando. Isso se torna um sério problema social, mais um sintoma da nossa sociedade, que vem deteriorando as relações humanas.
A Síndrome do Pequeno Poder lembra história da mosca azul, que surge de uma antiga lenda oriental, na qual um servo foi picado por ela e, a partir daí, começou a se olhar como o próprio sultão. Extasiado, ele se despersonaliza e se acha muito mais importante do que realmente é. Os picados pela mosca azul entram num estado de delírio, agindo com arrogância no uso do poder.
A base da Síndrome do Pequeno Poder surgiu da típica tradição oligárquica do mandonismo brasileiro, como Sérgio Buarque de Holanda retratou em seu livro “Visão do Paraíso”, que relata colonização do Brasil, em que os portugueses buscavam apenas brilho, status e poder, mesmo sem nenhum mérito, transformaram a ganância pelo poder em algo irresistível nas terras tupiniquins.
Nos espaços de poder, os indivíduos de cérebros tacanhos, moral duvidosa e falta de empatia se aproveitam das fraquezas e das bondades das pessoas nas relações familiares, de gênero, de trabalho, e sobretudo na política e no serviço público, com objetivo descabido para o exercício do poder. Traços infelizes de gente que sente a necessidade patológica de praticar algum tipo de poder invasivo sobre a vida dos outros.
No entanto apenas existirá um opressor se o oprimido aceitar, visto que ninguém é obrigado acatar ordens inconcebíveis. É necessário reconhecer que a Síndrome do Pequeno Poder, é uma lógica menor, que de forma inconsciente está dentro de um poder maior, que opera em todos os níveis das relações sociais.
O sociólogo Pierre Bourdieu analisou esse poder maior: “O poder simbólico é um poder quase mágico que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força física ou econômica e só se exerce se for reconhecido, o que significa que ele acaba sendo ignorado, passa despercebido. Assim, o poder simbólico é uma forma irreconhecível e legitimada”.
Enfim para não nos contaminar por essa síndrome ou pela picada da mosca azul, torna-se fundamental acreditarmos na humildade, onde nela ninguém é pior ou melhor do que os outros, já que podemos estar no mesmo patamar de dignidade e respeito.
Imagem de capa: Shutterstock/JrCasas
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