Depois de ver os inúmeros compartilhamentos de uma imagem nas redes, que dizia “Permita-se ser o que você quiser nessa vida, menos infeliz”, fiquei pensando sobre quantas vezes o mundo não nos permite sentir. A importância dada para a felicidade e somente para ela, nos leva muitas vezes a privação do sentimento. Você pode demonstrar estar feliz, mas não pode falar sobre sentir-se depressivo, por exemplo.
Em algumas culturas até mesmo a expressão da felicidade não é bem aceita, é como se mostrar sentimentos fosse uma fraqueza. Entrar em contato com os sentimentos também pode ser mais difícil para o sexo masculino, considerando uma cultura que educa na base do famoso “engole o choro!”. Claro que isso não é exclusivo dos homens, há mulheres que também tiveram essa educação e hoje têm maior dificuldade em lidar com os sentimentos.
Um exemplo bastante comum para a privação do sentir está no período de luto, onde muitas vezes familiares e amigos não permitem que o enlutado chore e lamente a sua dor. Quando aquele deveria ser um período em que a pessoa pudesse sentir e falar. Isso faz parte do processo do luto. Tudo aquilo que a gente não conhece e não tem domínio assusta. E não é diferente com os sentimentos. Quando não nos permitimos sentir passamos a evitar, ignorar, negar, e em determinado momento tal sentimento pode surgir com uma proporção bem maior do que a que seria esperada. E como lidar se não se sabe nem mesmo o que sente?
Um exercício importante para o dia a dia é tentar perceber o que está sentindo e nomear; “Eu senti raiva”, “Eu senti tristeza”, “Eu senti felicidade”, etc. E a partir daí tentar perceber o que há por trás de cada sentimento. O que não podemos é somatizar. Então – desde que não prejudique o seu dia a dia e as pessoas a sua volta de modo que o principio básico de convivência seja violado – permita-se ser e sentir tudo o que você quiser nessa vida, e falar sobre isso.
Imagem de capa: Shutterstock/agsandrew