Em uma carta para Carl Gustav Jung, Sigmund Freud escreveu: “Poder-se-ia dizer que a psicanálise é, em essência, uma cura pelo amor”. Nesta frase Freud ressignifica o amor em uma perspectiva psicanalítica, que considerou a fala a mais qualificada ferramenta de cura, pois é por meio dela que acessamos a vida psíquica, onde encontramos os motivos causadores dos sintomas patológicos, que entre eles estão – os traumas – da falta de amor.
A psicanálise classifica vários tipos de amor, que fazem parte do desenvolvimento humano. O nosso primeiro objeto de amor na vida é a mãe: no sentido do cuidado e do afeto, que mantém o bebê protegido. É o amor dentro da família, que permitirá que a criança firme as bases das relações com os outros e se torne um adulto mais sensível e responsável, para estabelecer um relacionamento amoroso saudável.
No entanto, o amor transmitido pelos pais aos filhos terá que enfrentar as forças obscuras do mundo, que muitas vezes bloqueiam a “expressão do ser”. É por isso que a psicanálise busca o encontro do sujeito com si mesmo, a fim de que ele alcance o amor próprio, integrando-se na comunidade, mas sentindo-se mais forte, mais hábil e consciente de que existem “aspectos doentes” que a sociedade nega ou esconde.
Não obstante, a psicoterapia deve ser receptiva às mudanças sociais, aos avanços da ciência e compreender que as condições econômicas, políticas, culturais e ecológicas podem ajudar a melhorar a existência dos indivíduos, para que eles não fiquem estagnados em uma visão reducionista da vida.
Sendo assim, os psicanalistas e psicoterapeutas precisam fazer uso de um vocabulário compreensível, saindo da posição de superioridade e da linguagem inacessível. A psicanálise humanista, como a de Erich Fromm, defendeu que a união entre os seres humanos, pelo princípio do amor, é uma resposta potente para sobrevivência da humanidade.
Por outro lado, uma parte da sociedade encontra-se enferma, contribuindo para o surgimento das principais psicopatologias, que conduz muitas pessoas a não viver de modo espontâneo, sob pena de ver eclodir todos os tipos de adoecimentos e problemas sociais. Então, o amor é uma das vias mais adequadas para superar as limitações humanas e dar sentido a própria vida.
Nessa concepção, o amor se torna uma necessidade psicoespiritual dos indivíduos, que deve ser trabalhado e entendido, englobando não apenas os sentimentos, mas também o princípio da razão e da alteridade. É importante reafirmar que as maiores religiões, como o budismo, o hinduísmo, o judaísmo e cristianismo definem o amor como um imperativo da alma, que possibilita a ligação e a relação do homem com Deus, despertando um olhar compassivo para com os demais e consigo.
Portanto, o percurso do amor se constitui como um antídoto contra o narcisismo e a cura da incapacidade dos neuróticos de amar. E, por fim, a psicanálise defende o amor como a essência capaz de curar as nossas feridas existenciais. É como concluiu Fromm: “Só o amor salva o ser humano de sua angústia existencial.
Jackson César Buonocore é Sociólogo e Psicanalista
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