Será que, de vez em quando, nos perguntamos sobre como somos vistos pelos amigos?
Em algum momento, questionamos as posturas adotas no convívio social? É certo que a autocritica não é fácil, mas é exercício indispensável à avaliação do estilo assumido no convívio, visando aperfeiçoá-lo.
O estilo pessoal adotado no convívio social tem efeitos duradouros na autorrealização. Sendo requisito a uma vida bem realizada, a repercussão de como nos ligamos e integramos socialmente não se esgota no presente, ao contrário, define muito de como nos sentiremos no futuro. Hoje, a sociabilidade habilidosa é especialmente crítica para a vida bem realizada. Não é por acaso que nas entrevistas de emprego, por exemplo, a capacidade de manter amizades duradouras é vista como indicativo de personalidade sociável e de perfil apto às relações de trabalho bem-sucedidas.
Essa presunção faz sentido, afinal somos seres relacionais. Ao nascer, somos lançados no centro de vidas que se entrelaçam e passamos a ser parte de uma complexa teia de interdependência social e afetiva. Diante desse fato inquestionável, é impossível ignorar que precisamos conviver bem. As amizades são um campo especial de convivência. Nelas, além da troca social, há um intercâmbio afetivo mais íntimo e propício às trocas humanas genuínas. Por meio dos amigos, nos sentimos validados como capazes de interagir de forma empática, útil e recíproca.
Historicamente, a capacidade de manter amizades é vista por muitos filósofos e psicólogos como habilidade humana elevada. Sêneca, filósofo estoico, já apontava essa habilidade como uma alta virtude relacionada à capacidade de ser confiável. Montaigne foi outro pensador a defender o valor da amizade para uma vida feliz. Sua ligação com o amigo La Boétie foi testemunha viva de como a amizade cumpre papel fundamental na autorrealização.
A questão é que nem sempre estamos abertos ao convívio e à amizade. Há pessoas, inclusive, para as quais, interagir chega a ser um fardo. Trocar um simples ‘olá’ é uma tortura. Assim, conscientes das próprias dificuldades, essas pessoas preferem o distanciamento social, mas dessa forma, a dificuldade só piora, pois as habilidades sociais se aperfeiçoam com a prática.
Não há dúvida que a convivência humana é complexa, mas é possível adotar práticas que nos ajudem na inserção afetivo-social e nos livre dos prejuízos de uma sociabilidade mal sucedida e de seus efeitos maléficos.
Para esse intento, algumas medidas podem ajudar.
O primeiro passo é manter-se acessível e com ânimo positivo; para tal é preciso ter a mente aberta para identificar preconceitos que distanciam pessoas e grupos.
Manter a disposição ao acolhimento atrai companhia, para isso, é fundamental despir-se do orgulho e do medo de ser rejeitado. Os primeiros momentos são cruciais, portanto, quando conhecer alguém, haja com tato e sensibilidade para produzir uma primeira boa impressão. Nada de excesso de formalidade ou afetação, os gestos simples podem ter efeitos significativos para promover aproximações agradáveis e aptas ao progresso.
Atente para suas atitudes. Elas desencadeiam reações de atração ou aversão em relação a você. Opte por posturas que criem atmosfera agradável e ajudam a imprimir uma aura atraente à sua presença (olhe nos olhos quando fala, sorria, mostre interesse pelo outro, seja bom ouvinte).
Haja com empatia. Cumprimente de forma calorosa (sem efusividade em demasia, mas com calor humano); atente ao que você diz (comentários inocentes podem ser mal interpretados); evite centralizar conversa e dê oportunidade para que o outro fale de si.
O importante é rever crenças e atitudes e começar e revitalizar seu círculo de amizades.