E nos dias de dor “tamanha” ficarei ao seu lado em silêncio, qualquer palavra soaria ridícula. Deitaremos, ouvindo aquela música do Chico ou lendo uma página da Clarice, pedindo tradução para o que não achamos legenda. Em nossas brigas com o tempo, acomodadas nas lágrimas, duvidaremos do relógio, acreditando que ele se aliou aos dias nublados e, nessa parceria, fizeram a terra parar.
Não dormiremos, as noites serão insones, longas, sem início ou fim, daquele jeito que a gente pensa que dormiu, mas tá acordado. Faremos perguntas pra Deus, simples e difíceis, sobre os homens, nascimento e morte, chegadas e partidas. Depois faremos uma garrafa de café e conversaremos sobre os ciclos da vida, tentando entender o porquê das coisas acontecerem como acontecem, escapando das nossas mãos para céus inalcançáveis.
Os dias passarão lentamente porque é da dor essa preguiça da vida. Quando o cansaço fizer uma trilha, dessas que levam a gente pra um jardim, quando duvidávamos da existência deles, falaremos do amor. Nesse lugar permaneceremos por dias, meses e anos. Diremos sobre o que ficou e o que não teve tempo de acontecer, sobre os dias de sol, os sonhos do amanhã e o sofrimento de hoje.
Juntas, arrumaremos as prateleiras da alma, respeitando o lugar das coisas do coração, não escondendo ou dispensando os amores que tivemos. Sem pressa, levantaremos, com um sorriso pequeno, porque é do despertar pequenos grandes sorrisos, iremos até o nosso quintal e acreditaremos nas flores, que nascem dentro e fora de nós.
Teresa Vera de Sousa Gouvea- Psicóloga