A jovem Kawara Welch, de 23 anos, foi detida no início de maio sob acusação de perseguição a um médico de Ituiutaba, Minas Gerais. A artista plástica, foragida desde março do ano passado, foi presa em uma universidade de Uberlândia no dia 8 de maio. Segundo relatos da vítima, Kawara enviou cerca de 1.300 mensagens e realizou 500 chamadas telefônicas para ele e sua família. O delegado Rafael de Freitas Faria afirmou que a jovem acreditava estar em um relacionamento com o médico e frequentava os mesmos lugares que ele.
A defesa de Kawara sustenta que ela e o médico tinham um relacionamento, o que é negado pela vítima, que registrou 42 boletins de ocorrência contra a jovem. As investigações revelaram que a obsessão de Kawara motivou a perseguição. De acordo com o delegado Faria, a jovem “inha necessidade de se autoafirmar com um relacionamento, com uma conexão inexistente com o médico”.
“Ela tinha ilusões de que esse relacionamento realmente existia entre eles, isso fazia com que ela frequentasse os mesmos ambientes que a vítima, como locais de trabalho, residência, hospitais, clínicas. Ela o perseguia de forma reiterada. Não há nenhum indício da existência de um relacionamento entre eles, ou que o médico prometesse algo a ela, ou que ficasse dando indiretas a ela”, explicou o delegado.
O delegado Faria enfatizou que as investigações não comprovaram a existência de um relacionamento amoroso entre os dois. O médico sempre denunciou os episódios de perseguição, registrando boletins de ocorrência e mostrando evidências de montagens de conversas feitas pela jovem.
“Uma vez que o crime de perseguição ameaça a integridade física e psíquica, psicológica da vítima. O crime diminui a capacidade de locomoção, restringe a liberdade, restringe a privacidade. Embora seja um crime considerado menor potencial ofensivo pela quantidade de pena máxima que o legislador optou, é um crime que causa efeitos catastróficos na vida da vítima. Nada justificaria, ainda que eles tivessem um relacionamento”, destacou Faria.
Em entrevista ao Fantástico, o médico revelou que conheceu Kawara em 2018, quando a atendeu por depressão. A perseguição começou em 2019, com a jovem declarando-se apaixonada por ele. Após ser excluída da lista de pacientes, Kawara passou a fazer ameaças e a ligar para os familiares do médico, incluindo seu filho de 8 anos. Ela também enviou fotos com lençóis e cordas amarrados ao pescoço, além de mensagens de despedida. Ele e a esposa registraram 42 boletins de ocorrência por perturbação do sossego, lesão corporal, ameaça e extorsão.
Nas redes sociais, Kawara se apresenta como artista plástica e modelo, compartilhando fotos suas e de suas obras com mais de 6,5 mil seguidores.
Procurada pelo O GLOBO, a defesa de Kawara alega que ela e o médico mantinham um relacionamento desde que ela era adolescente, entre 16 e 17 anos.
“A companheira da suposta vítima descobriu então essa situação e passou ‘coagir’ a suposta vítima, que sem alternativa foi obrigada a confeccionar essas denúncias. Infelizmente, como dito, a Sr. Kawara não teve a oportunidade de declarar tudo o que agora declara por sua defesa e fornecer documentos para que tudo fosse apurado”, afirmam os advogados em nota.
Eles também afirmam que Kawara “nunca foi intimidada” para prestar esclarecimentos e que seu único erro foi “permanecer iludida pelo suposto relacionamento”.
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