PSICOLOGIA E CINEMA

Stranger Things e a Psicologia por detrás da Série

A nova série, que está bombando, já tirou o fôlego de muita gente com uma nostálgica ficção científica, que reparte a cabeça do público entre o que é, ou não, real.

Stranger Things se divide em 8 capítulos que prendem o espectador num clima misterioso, e constroem uma narrativa obscura, que caminha entre a ciência e o sobrenatural. Se você devora os livros de Stephen King com certeza vai curtir – caso já não tenha curtido – esta série americana, que retrata tão fielmente a década de 80.

E o que a psicologia tem a ver com o sobrenatural, com o suspense, e com o terror?

Se você ouviu nosso podcast sobre medo se ligou como ele, o nosso medo, se constrói de forma histórica e reforçada na vida das pessoas.

Em uma entrevista ao site Galileu, Mário Costa Pereira, professor de psicopatologia clínica da Unicamp e da Université de Provence, na França diz.:

“Há coisas da vida em sociedade que precisam ser abafadas para que ela funcione, como desejos homicidas, mesquinhos, medos e preconceitos.E a arte é onde o homem dá vazão a essas coisas muito profundas, onde ele demonstra esses sentimentos.”

Sabendo que somos uma fonte de energia ambulantes, carregando uma espécie de bomba por onde vamos, aprendemos que a ficção é uma forma de canalização, para a angústia da supressão de nossa energia. Sabe estes filmes de terror que você tanto gosta? Pois então, já parou pra pensar de onde vem a vontade de imergir naquele mundo?

É provável que você tenha lido ou ouvido falar de Jung (recomendo que ouça nosso cast de introdução à psicologia analítica), baseado em seus estudos temos os arquétipos elementares que herdamos na história da evolução, e dentre eles há o arquétipo da Sombra.

Este arquétipo, sombra, é responsável pelo nosso lado animalesco, sombrio, violento, inaceitável. O mal e o imoral. O obscuro…

Sim, dentro de você, de mim, da sua mãe, pai, amigos, em todos nós existe a sombra, um arquétipo que devido suas profundas raízes na história evolutiva é o mais poderoso e potencialmente perigoso entre todos os arquétipos do ser humano.

É amigo psicolouco, acho que já deu pra sentir um frio na espinha. Quem diria que tanto mistério e terror poderiam estar tão bem guardados em uma única pessoa. Um universo vivo e cheio de energia pronto para sair pelas ruas.

Então quando você se depara com uma obra de ficção, dentro de um mundo de suspense e terror há um escoamento, É como realizar os desejos dessa força, dando-lhe um prazer necessário para amansar este “monstro interior”.

Curtir aquela atmosfera de medo, e depois voltar inteiros à segurança do seu sofá, é uma aventura que você reproduz como experiência. Isso prova por que depois de duas horas frente à tevê assistindo O Exorcista as pessoas saem fazendo spoilers das partes que quase lhe pararam o sistema circulatório.

Stranger Things com certeza foi e é uma experiência para se atravessar atmosferas psicológicas. Incorporar esta ficção com seus personagens é um resvalar de pulsões sombrias, que te dão tanto prazer quanto o tão buscado medo.

Escrito por Willian de Andrade

Referências:

Introdução à Psicologia Junguiana/ Calvin S. Hall Vernon J. Nordby

http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI113919-17579-1,00-ENTENDA+POR+QUE+GOSTAMOS+DE+SENTIR+MEDO.html

TEXTO ORIGINAL DE PSICOCAST

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