O Sistema Único de Saúde (SUS) iniciou a substituição progressiva do exame papanicolau pelo teste molecular de DNA-HPV como principal método de rastreamento do câncer de colo do útero. A nova técnica, mais sensível e precisa, foi recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e promete revolucionar a prevenção da doença.
Exame de DNA-HPV detecta o vírus mais cedo
Diferente do papanicolau, que identifica alterações celulares já visíveis, o teste de DNA-HPV detecta a presença do papilomavírus humano — principal causador do câncer de colo do útero — até 10 anos antes do surgimento de lesões.
Essa capacidade de diagnóstico precoce representa um avanço importante no combate à doença. “A tecnologia de DNA para a detecção do HPV, junto ao rastreamento periódico, é mais fidedigna que o papanicolau para fazer a prevenção dessa doença”, afirma a ginecologista Sálua Calil, da Rede Mater Dei de Saúde.
Implementação será gradual no SUS
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a transição será feita de forma gradual, mas a expectativa é que em até 180 dias o novo exame já esteja disponível como padrão em toda a rede pública.
Durante esse período, o papanicolau ainda será utilizado em algumas regiões, enquanto os serviços se adaptam à nova tecnologia. A substituição seguirá diretrizes técnicas e de capacitação dos profissionais de saúde.
Enfermeiros continuarão fazendo a coleta
Um ponto importante é que profissionais de enfermagem já capacitados para o papanicolau poderão realizar a coleta do novo exame, com apenas um treinamento básico. “O material é um pouco diferente, mas com treinamento básico, o enfermeiro consegue fazê-lo”, explica Gabriela Giacomini, representante do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
O que muda para as pacientes?
Na prática, as mulheres continuarão fazendo a coleta de material do colo do útero nas unidades básicas de saúde. A principal diferença está na análise: enquanto o papanicolau busca alterações nas células, o exame de DNA-HPV verifica diretamente a presença do vírus.
A expectativa é que, com o novo método, mais casos sejam identificados precocemente, o que pode reduzir significativamente o número de mortes por câncer de colo do útero no Brasil.