Por Psicólogo Pedro Leite

A Fobia Social, denominada também de Transtorno de Ansiedade Social (TAS), é um termo utilizado para designar um tipo de ansiedade intensa, que ocorre em situações sociais,  que acaba produzindo sofrimento e perdas de oportunidades na vida de pessoas portadoras desse transtorno mental.

A fobia social apresenta significativa interferência nas rotinas de trabalho, acadêmicas e sociais da pessoa. Essas situações tendem a prejudicar a qualidade de vida dos indivíduos, provocando quase sempre a interrupção prematura da vida acadêmica, ausência de lazer, falta de relacionamento com amigos, desemprego constante e, em casos extremos, a isolação social. Pessoas com Fobia Social evitam ou suportam as situações sociais com grande ansiedade e sofrimento, embora exista nelas o desejo de realizar o contato social temido.

Como a fobia social se manifesta entre a infância e a adolescência, é bem provável que o adiamento ou a procura tardia para tratamento seja devido o desconhecimento ou uma identificação equivocada da fobia social, que muitas vezes é interpretada como uma timidez ou parte da personalidade do indivíduo. Na medida em que as situações sociais ficam mais complexas estes sintomas tendem a se agravarem, trazendo prejuízos em várias áreas na vida do portador de fobia social. Muitas vezes tais sintomas acabam evoluindo para comorbidades como: depressão, pânico, adicção e outros transtornos de ansiedade. Assim, o portador de fobia social acaba desenvolvendo um medo central de ser avaliado negativamente pelas pessoas, transformando todo contato social num motivo de intensa ansiedade.

Sintomas

Além da ansiedade resultante da percepção distorcida da realidade, são comuns nos portadores de fobia social as manifestações de ordem emocional, fisiológica e comportamental:

Sintomas emocionais na fobia social

  • Convicção e ansiedade excessiva em situações sociais cotidianas;
  • Preocupação intensa semanas ou meses antes de um acontecimento social;
  • Medo extremo de estar sendo observado ou julgado por outras pessoas, especialmente pessoas desconhecidas;
  • Medo de que vai agir de forma a se envergonhar ou se humilhar;
  • Medo de os outros percebam que está nervoso;
  • Ter dificuldades de fazer e manter amigos.

Sintomas físicos na fobia social

  • Rosto vermelho ou corado;
  • Falta de ar;
  • Dor no estomago, náuseas, urgência em evacuar;
  • Tremedeira e agitação (incluindo voz trêmula);
  • Coração acelerado ou aperto no peito;
  • Suor quente;
  • Piscadas rápidas;
  • Tonturas.

Sintomas comportamentais da Fobia Social

  • Evitar situações sociais ao ponto de limitar suas atividades diárias;
  • Necessidade de estar sempre acompanhado onde quer que vá;
  • Ficar quieto se escondendo no fundo da sala de aula, pra não ser chamada a frente;
  • Beber antes de situações sociais, a fim de acalmar-se.

Devido os variados graus de comprometimento observados clinicamente, a fobia social pode ser interpretada com um tipo de timidez excessiva, observação esta, que não deve ser desprezada. Quando diagnosticada precocemente há um leque de estratégias terapêuticas que podem ser utilizadas para prevenir as consequências, principalmente nas crianças e adolescentes. Dessa forma, o diagnóstico dos sintomas, principalmente no âmbito escolar e orientação familiar, deve ser inserido na abordagem clínica. Neste contexto, a principal estratégia terapêutica consiste no tratamento psicológico adequado, associado ou não a medicamentos.

Psicoterapia na Fobia Social

Na busca de dar ao portador de fobia social uma melhor qualidade de vida, para que se minimizem os efeitos incapacitantes desse transtorno mental, faz-se necessária uma prática psicoterapêutica que o auxilie em sua autoavaliação, para que este tenha possibilidade de rever seus medos irracionais e passe a adotar comportamentos de enfrentamento que o leve a um novo patamar de qualidade de vida. Nesse sentido, uma das modalidades de psicoterapia que vem mostrando excelentes resultados é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). As principais técnicas utilizadas pela Terapia Cognitiva Comportamental na fobia social são: reestruturação cognitiva, treinamento de habilidades sociais, técnicas de relaxamento e exposição imaginária e ao vivo.

  1. Reestruturação Cognitiva: Esta técnica tem por objetivo o enfrentamento das crenças disfuncionais, substituindo-as por outras mais adaptativas. Esta técnica é aplicada aos pensamentos disfuncionais ocorridos antes, durante e depois da situação social eliciadora de ocorrências fóbicas. Este processo de redefinição e retificação das cognições distorcidas possibilita a este indivíduo rever o seu comportamento, onde, na maioria das vezes, hipervalorizava negativamente uma situação, menosprezando sua capacidade de enfrentamento. Dessa forma, a reestruturação cognitiva busca primeiramente a identificação de pensamentos distorcidos, as crenças condicionais e a crença central do indivíduo, para que, a partir daí o terapeuta tenha uma compreensão maior sobre o funcionamento cognitivo do seu cliente.
  2. Treinamento de Habilidades Sociais (THS) O objetivo desta técnica é disponibilizar ao portador de fobia social um repertório de comportamentos que sejam mais adaptados socialmente. A utilização do THS tem sido indicada para indivíduos que tenham apresentado ou não dificuldade nas habilidades sociais, pois este recurso tem se mostrado eficaz na redução dos níveis de ansiedade ocorridos no contato interpessoal. O THS é indicado a indivíduos com fobia social devido à tendência dos mesmos de apresentarem comportamentos indesejados que, por sua vez, aumentariam as possibilidades de avaliações negativas por outras pessoas, levando os mesmos ao fortalecimento da autoimagem negativa. Dessa maneira, a baixa habilidade social observada nestes indivíduos pode ser decorrente da falta de conhecimento, falta de habilidade, inibição comportamental e ou evitação, resultantes do próprio quadro de ansiedade.

O THS mostra ao indivíduo um amplo e variado repertório de comportamentos adaptados socialmente, planejados para cada situação específica no contexto social no qual ele está inserido. Nessa perspectiva, um dos propósitos do THS é auxiliar o indivíduo na identificação das deficiências em suas habilidades sociais e reconhecer quais tipos de comportamentos não estão adaptados socialmente.

  1. Técnicas de relaxamento: o relaxamento é um processo psicofisiológico que envolve respostas de ordem somática e autônoma, num estado de aquiescência motora, produzido por estímulos verbais de tranquilidade. Neste processo de aprendizagem corporal o indivíduo é instruído a reconhecer as respostas biológicas resultantes do relaxamento a partir da identificação das partes tensionadas ou relaxadas em seu corpo. As técnicas de manejo de estresse e relaxamento são utilizadas no tratamento da Fobia Social com o objetivo de fazer com que o paciente aprenda a ter maior controle das respostas fisiológicas próprias da ansiedade. Dessa forma, tais técnicas são bastante utilizadas no tratamento de todos os quadros ansiosos. As técnicas de relaxamento na fobia social são utilizadas no controle dos sintomas fisiológicos que ocorrem antes ou durante as situações temidas. Basicamente, essa técnica é composta por exercícios de respiração e treino de relaxamento.
  2. Treino de exposição imaginária e ao vivo: A técnica de exposição ao vivo é realizada através do confronto direto e gradativo aos objetos ou situações temidas, sem utilização de técnica de relaxamento na maioria das vezes. A aplicação desta técnica está baseada na premissa que considera a ansiedade como uma resposta condicionada, que tende a diminuir através da habituação que ocorre a partir do processo de exposição sistemática aos estímulos temidos. A exposição nos quadros de Fobia Social tem por objetivo levar o paciente ao enfrentamento das situações sociais temidas, mantendo-o psicologicamente engajado, de forma que o processo natural de condicionamento, envolvido no medo da situação social, apresente redução da ansiedade desperta por meio da habituação e da extinção.

Conclusão

Com essa breve explanação sobre as técnicas da Psicologia (TCC) na Fobia Social, vale ressaltar que, tão importante quanto a escolha e o manejo dessas técnicas é o diagnóstico correto através de instrumentos apropriados e profissionais preparados na identificação desse transtorno mental. Só assim será possível contribuir para a minimização e até cessação dos efeitos negativos produzidos pela Fobia Social aos seus portadores.

Pedro Leite

* Graduado em Psicologia pela FAESA-ES; * Pós-Graduado em Gestalt-terapia Clínica PELA MULTIVIX-ES; * Pós-Graduado em Terapia Cognitivo Comportamental pela UNIARA-SP.

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