Em tempos de pandemia mundial, observamos pessoas que se comportam de maneiras diferentes diante daquilo que lhe afetam: muitas seguem a risca as orientações do Ministério da Saúde, outras tantas negam a gravidade dos fatos, acreditando que nada de mal lhes atingirá. Existem ainda as que gastam sua energia discutindo posições políticas e partidárias, defendendo teorias ou conspirando a favor ou contra algo. Alguns têm se voltado para o cuidado do lar e dos filhos, outros têm trabalhado muito, mesmo em casa. Há aqueles que aproveitam para iniciar uma atividade nova no seu tempo livre; e outros que percebem-se procrastinando e não conseguem ter autodisciplina para gerir sua rotina.

Enfim, cada um, a seu modo, usa o seu tempo para dedicar-se a algo que lhes parece mais importante. Mas, todos temos algo em comum: o tempo de espera.

Agora é a hora de esperar. Precisamos esperar para visitar nossos avós, para reencontrar nossa turma da faculdade, para realizar aquela celebração que tanto idealizamos, para viajar, para ver aquele filme tão esperado no cinema, para assistir nosso campeonato favorito, para estar entre amigos, para retomar certas coisas que fazíamos diariamente e que foram interrompidas.

É preciso esperar, mesmo sem saber ao certo quanto tempo essa crise irá durar.

Sem contar todas as consequências que a espera do final da pandemia pode trazer para aqueles que estão mais vulneráveis: o medo da fome, do despejo, do desemprego, de não ter recursos dos mais diversos para vencer o caos que pode se instalar. Além do que, mesmo sabendo que os riscos do COVID-19 variam muito dependendo do quanto imunes possamos estar ao vírus, ainda assim, o contágio traz o medo da morte. E, quando a morte bate a nossa porta, nossas prioridades mudam.

Neste cenário de ameaças, de mudanças, de inconstâncias e de transitoriedade, diferentes sentimentos podem nos aflorar: tranquilidade ou desespero, serenidade ou preocupação, paciência ou intolerância, reclamação ou gratidão.

Mas, para aqueles que estão dispostos e abertos a aprender, esse tempo de espera pode ensinar várias coisas: que não estamos no controle de muitas situações, que precisamos uns dos outros mais do que supúnhamos, que devemos cuidar melhor do nosso planeta, que as redes sociais não substituem a presença de quem amamos e queremos ter por perto, que temos criatividade para nos reinventar, e que somos mais fortes do que imaginávamos ser.

Esperar faz a gente se dar conta de que tudo tem seu tempo , é é preciso aprender a lidar com isso.

Sendo assim, vale a pena prestar atenção ao que faz mais sentido para a nossa vida, às escolhas que temos feito, à maneira como temos tratado uns aos outros e a nós mesmos, e a nos questionar se estamos mesmo crescendo e evoluindo ou apenas consumindo nosso tempo.

Então, eu te pergunto: o que você tem feito com seu tempo de espera?
***

Photo by Anthony Tran on Unsplash

Audrey Vanessa Barbosa

Psicóloga clínica de abordagem psicanalítica na cidade de Limeira-SP; possui Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas pela FCA- UNICAMP; ministra palestras com temáticas voltadas ao desenvolvimento humano. Também possui formação em Administração de Empresas e experiência na área de RH (Recrutamento & Seleção e Treinamento e Desenvolvimento).

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