Alguns traços de personalidade podem ser um elemento muito importante para que as pessoas desenvolvam comprometimento cognitivo leve mais tarde na vida, como aponta um novo estudo.
O estudo, que foi publicado recentemente no Journal of Personality and Social Psychology, diz que ser uma pessoa mais consciente e extrovertida mantém o comprometimento cognitivo leve sob controle por mais tempo, no mesmo passo que ter níveis mais altos de neuroticismo – tendência a experimentar facilmente emoções negativas ante eventos comuns da vida, como depressões, sentimento de culpa, inveja, raiva, ansiedade, entre outros – aumenta as chances de declínio cognitivo.
“Traços de personalidade refletem padrões de pensamento e comportamento relativamente duradouros, que podem afetar cumulativamente o envolvimento em comportamentos e padrões de pensamento saudáveis e não saudáveis ao longo da vida”,disse em um comunicado a autora principal do estudo, Tomiko Yoneda, que é estudante de pós-doutorado em psicologia da Universidade de Victoria, no Canadá.
“O acúmulo de experiências ao longo da vida pode contribuir para a suscetibilidade de doenças ou distúrbios específicos, como comprometimento cognitivo leve, ou contribuir para diferenças individuais na capacidade de suportar alterações neurológicas relacionadas à idade”, disse ela.
O estudo colocou sob análise as personalidades de aproximadamente duas mil pessoas que participavam do Rush Memory and Aging Project, um estudo longitudinal de idosos da área de Chicago que começou em 1997. O estudo examinou o papel de três principais traços de personalidade — consciência, extroversão e neuroticismo — sobre como as pessoas resistiram ao declínio cognitivo na vida adulta.
O neuroticismo caracteriza-se por ser um traço de personalidade que influencia o quão bem uma pessoa lida com situações de estresse. Pessoas neuróticas encaram a vida em um estado de ansiedade, raiva e autoconsciência e muitas vezes veem pequenas frustrações como irremediavelmente esmagadoras ou ameaçadoras.
Pessoas conscientes tendem a ter altos níveis de autodisciplina e são organizadas e direcionadas a objetivos, disse Yoneda, enquanto os extrovertidos são entusiasmados com a vida e muitas vezes assertivos e extrovertidos.
O estudo constatou que pessoas com uma pontuação alta em consciência ou uma pontuação baixa em neuroticismo foram significativamente menos propensas a desenvolver comprometimento cognitivo leve durante o curso do estudo, disse Yoneda.
Ter uma personalidade mais extrovertida e socialmente engajada pode oferecer mais um ano de vida livre de demência, de acordo com o estudo. Além disso, esse traço de personalidade também aumenta a capacidade de uma pessoa de recuperar a função cognitiva normal depois de receber um diagnóstico prévio de comprometimento cognitivo leve, talvez devido aos benefícios da socialização.
No entanto, à medida que os níveis de neuroticismo aumentaram, também aumentou o risco de transição para o declínio cognitivo: cada sete pontos adicionais na escala “estava associado a um aumento de 12% no risco”, disse Yoneda, o que pode se traduzir em perder pelo menos um ano de vida saudável.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de CNN.
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