Você conhece alguém que sem motivos e, com frequência, de uma hora para outra muda de humor radicalmente? Saiba que ela pode estar sofrendo de Transtorno Bipolar do Humor.
O Transtorno Afetivo Bipolar é um transtorno mental, caracterizado por uma alternância de humor, e faz parte dos quadros de depressão. Segundo a psicóloga, Renata Fernanda Dias, é um desequilíbrio orgânico de ordem química que afeta a regulação do humor e os níveis de energia. “As pessoas que sofrem de transtorno bipolar podem ter suas vidas afetiva e profissional afetadas por essas mudanças. Existem hoje tratamentos eficazes que, quando realizados da forma indicada, possibilitam uma vida produtiva e normal”, explica a psicóloga.
Ainda segundo Renata, o transtorno se manifesta, geralmente, durante o final da adolescência e o começo da vida adulta. Em alguns casos, pode também emergir na terceira idade. Nas ocorrências mais comuns, a doença começa a se desenvolver já na infância ou durante a adolescência. “A variação de humor nesse tipo de transtorno pode prejudicar a vida social da pessoa.
Nesse contexto, é comum a pessoa ter dificuldades para manter-se no emprego ou para continuar um relacionamento amoroso, enfrentando sempre um grande sofrimento. As crises podem variar de intensidade: do tipo leve, moderada, e grave; de frequência e de tempo de duração. As flutuações de humor têm reflexos negativos sobre o comportamento e as atitudes do portador desse transtorno. As reações que provocam são sempre desproporcionais aos fatos que lhe serviram de gatilho ou, até mesmo, independem deles”, diz Renata.
Como na maioria dos transtornos mentais, no caso do Transtorno Bipolar, as causas não são claramente identificadas. Comumente se alega que fatores genéticos e ambientais podem estar associados. Biologicamente, a pessoa pode ter uma predisposição para desenvolver tal distúrbio, mas a doença poderá ser desencadeada nas relações que a pessoa estabelece com o mundo.
“Certos acontecimentos, como uma crise conjugal, perda do emprego, a ocorrência de abuso sexual, entre outros, podem funcionar como um fator desencadeante da doença. Essas situações de maior tensão e de estresse não são a causa da doença, mas favorecem o aparecimento. As oscilações de humor são comuns em nossas vidas e, em geral, não caracterizam uma condição de alteração psiquiátrica. O que diferencia as pessoas bipolares das pessoas não portadoras dessa anomalia são a frequência e a intensidade de alteração no humor”, comenta.
Renata explica que os sintomas do transtorno bipolar variam de pessoa para pessoa. Para alguns, o período da depressão é o que causa a maioria dos problemas. Para outros, é o estado da mania que provoca a principal preocupação. Sintomas da depressão e sintomas de mania podem ocorrer juntos, caracterizando o episódio chamado de misto.
Na fase maníaca: sentimentos de euforia, de alegria excessiva ou de irritabilidade, sem motivos aparentes, energia excessiva com menos necessidade de sono, ou distração, ou excesso de compras, ou atividade sexual e/ou investimentos com consequências graves, etc.
Na fase depressiva: sentimento de tristeza, de desesperança, diminuição do interesse por atividades que antes eram prazerosas, pouca energia, cansaço, sono, apetite alterada, dificuldade de concentração. “É comum o paciente não perceber a gravidade de seu estado, sendo necessária a ajuda e o apoio da família na busca de tratamento. Nos episódios de mania, o otimismo exagerado e a mania de grandeza impedem que a pessoa perceba que não está bem. Nos períodos de depressão, o desânimo, a apatia e a falta de esperança dificultam a busca de ajuda profissional. Por isso, o apoio e a observação atenta da família são importantes”, orienta Renata Dias.
Assim como outros transtornos mentais, a doença “Transtorno Bipolar” pode ser controlada através de tratamento adequado. Os melhores resultados têm sido observados nas terapias com uso contínuo de medicação (orientada pelo psiquiatra) e com o tratamento psicológico (psicoterapia).
“A psicoterapia oferece suporte ao paciente para que ele supere as dificuldades impostas pela doença; trabalha os pensamentos disfuncionais, tanto da depressão como da euforia; oferece equilíbrio ao paciente; ajuda a prevenção da recorrência das crises; e, especialmente, promove a adesão ao tratamento medicamentoso que, como ocorre na maioria das doenças crônicas, deve ser mantido por toda a vida. A grande maioria das pessoas com transtorno bipolar precisa manter a medicação por longos períodos. A psicoterapia é um instrumento eficaz de trabalho para fortalecer o paciente e criar nele a aderência ao medicamento, procedimento indispensável para seu tratamento e seu bem-estar”, relata a psicóloga.
* Seguir o tratamento à risca é a melhor forma de prevenir a instabilidade emocional e a recorrência das crises, condição que assegura a possibilidade de levar vida praticamente normal.
* Os remédios podem não fazer o efeito desejado logo nas primeiras doses que, muitas vezes, precisam ser ajustadas no decorrer do tratamento.
* Crises depressivas prolongadas sem tratamento adequado podem aumentar o risco de suicídio nos pacientes bipolares.
A disciplina no tratamento é a melhor receita para um bom gerenciamento das variações do humor e consequentemente uma rotina mais produtiva.
Serviço
Psicóloga:
Renata Fernanda Dias CRP 04/ 13463
Telefone: (31) 9 95956258
TEXTO ORIGINAL DE JORNAL CORREIO DA CIDADE
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