Por Lucas Gabriel
O texto a seguir trata de um tema bastante atual já que o transtorno afetivo bipolar e a dependência química são dificuldades que suscitam dúvidas bastante pertinentes. Temos alguns dados bem estabelecidos quanto essas condições e suas relações complexas, por exemplo, os pacientes bipolares apresentam mais tendência à dependência, em vez de apenas o uso nocivo de substâncias.
A presença das situações em comorbidades representa maior taxa de resistência ao tratamento e, além disso, pode ocorrer interação entre os medicamentos utilizados no tratamento do transtorno bipolar e na dependência química. Quanto antes é feito o diagnóstico de transtorno bipolar entre os usuários de álcool e vice-versa, menores são as complicações futuras para ambos os quadros.
Por outro lado, não se deve esquecer que os pacientes durante as fases de intoxicação e abstinência de álcool e outras substâncias psicoativas podem ter sintomas semelhantes ao quadro bipolar, e por isso um diagnóstico do transtorno bipolar depende de dados coletados com familiares e amigos.
O tratamento eficaz passa por conseguir superar diversas barreiras. Entre elas, está responder a pergunta: onde é melhor tratar esses pacientes? Afinal, em um local especializado para dependentes químicos os sintomas afetivos podem impedir a adesão ou inclusão no tratamento, e nos locais de saúde mental para não dependentes pode se exigir um período de abstinência que pode tornar inviável o tratamento nesses serviços.
Assim, diante desse desafio de pacientes com comorbidade de transtorno bipolar e dependência química, alguns fatores podem fazer a diferença. A família e as outras pessoas envolvidas devem ajudar o paciente se manter no tratamento oferecido e principalmente evitar que o tratamento das duas situações não entrem em conflito.
É sabido que as abordagens não-farmacológicas são necessárias para abordar os prejuízos que as situações possam acarretar, assim será estimulado controle da impulsividade e da dificuldade em se expressar nos relacionamentos sociais e interpessoais. Além disso, é fundamental que ocorra um esforço de todos envolvidos para que a psicoeducação seja algo efetivo na detecção dos sintomas iniciais de um novo episódio do transtorno bipolar.
Já a decisão pelo uso de medicações é delicada nos casos em que o ressurgimento dos sintomas afetivos podem estar intimamente relacionados com uma recaída. Assim, a escolha pela farmacoterapia leva em conta diversos fatores, entre eles a presença de sintomas psicóticos, agressividade e risco suicídio elevado.
O engajamento em psicoterapia de grupo, psicoterapia individual, grupos de auto-ajuda e terapia familiar podem ser fundamentais para a estabilização dos quadros conforme as especificidades de cada paciente.
Imagem de capa: Shutterstock/MatiasDelCarmine
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