Transtorno de ansiedade: o fantasma da recaída

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Cheguei onde não queria chegar nunca. Ultrapassei o limite do meu corpo e mente. O esgotamento foi inevitável, apesar de todos os meus esforços para que isso não acontecesse. Não me reconheço mais quando me olho no espelho. Mas estou viva. E enquanto eu estiver nesse mundo, não vou desistir. Por mais que eu sinta dor. Por mais que eu chore. Não vou desistir nunca.

Pois bem. Estou aqui escrevendo com as mãos totalmente trêmulas, precisando arrumar praticamente tudo o que escrevo. Mais uma recaída. E dessa vez ela veio forte, trazendo crises de pânico e a depressão. Nesses meus 15 anos de diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada, já deveria estar acostumada com as recaídas. Mas não estou.

A sensação de impotência é enorme. Não tenho sido capaz de trabalhar como eu gostaria. Não tenho conseguido acompanhar todos os deveres escolares da minha filha. Tenho feito um esforço enorme todos os dias ao levantar. Esforço este que se aplica também em manter o mínimo de uma vida social com meus amigos.

As crises aparecem do nada, e a intensidade é cada vez maior. Troquei todos os medicamentos há alguns meses e estava indo muito bem. Mas infelizmente meu organismo, por algum motivo que preciso descobrir, absorve a medicação e ela começa a não fazer mais efeito nenhum.

Cheguei onde não queria chegar nunca. Ultrapassei o limite do meu corpo e mente. O esgotamento foi inevitável, apesar de todos os meus esforços para que isso não acontecesse. Não me reconheço mais quando me olho no espelho. Essa não sou eu. Não vejo a Aline que está sempre de alto astral, driblando as dificuldades, fazendo as pessoas sorrirem. Não posso sorrir pra mim mesma, quanto mais para os outros.

As crises trouxeram dores pelo corpo, manchas roxas ocasionais, confusão mental e choro fácil. Ir ao shopping ou ao supermercado se tornou insuportável. Não consigo mais prestar atenção em duas coisas ao mesmo tempo como sempre fiz. Meus maiores medos vieram à tona. Tenho o apoio da minha família e amigos. Mas até quando eles vão compreender algo que é incompreendido pela maioria da sociedade? Como eu poderei ter um relacionamento se vivo de altos e baixos? Um dia estou bem, no outro mal consigo me levantar da cama.

Novamente estou trocando de médico e apostando minhas fichas em algum medicamento moderno, que me ajude a entrar nos eixos. Apesar de todo o sofrimento, não paro de pensar em maneiras de me recuperar. Meu organismo está completamente contaminado de substâncias químicas que podem desencadear uma série de outras complicações. Mas não há muitas alternativas.

Muitas vezes sinto vergonha. Quantas pessoas estão sofrendo com alguma doença terminal, com um câncer talvez. E eu sentindo a dor de uma doença silenciosa, que te corrói por dentro, mas ninguém vê. Me parece algo banal perto do que tantas pessoas estão passando neste exato momento no mundo.

Mesmo com tudo isso, eu vejo uma luz no fim do túnel. Não estou neste mundo por acaso, vim aqui pra ser feliz. Tenho obrigação de me cuidar e procurar todo e qualquer tratamento que funcione. Não só por mim mas pela minha filha. Não quero mais que ela me veja assim. Quero que ela cresça saudável e feliz, mas tenho que contribuir com isso. A peteca não pode cair.

Assim como eu, muita gente enfrenta a depressão e os transtornos de pânico e ansiedade. Creio que, se vocês estiverem lendo isso, entenderão perfeitamente o que eu falo. Os medos, as angústias, as dores físicas e psicológicas. Nos sentimos sozinhos. É algo silencioso e sorrateiro. Por isso nossos sentidos se apuram tanto. Nossa sensibilidade está sempre a flor da pele.

Mas estou viva. E enquanto eu estiver nesse mundo, não vou desistir. Por mais que eu sinta dor. Por mais que eu chore. Por mais que eu perca coisas que conquistei. Não vou desistir. Não vou medir esforços para me olhar no espelho novamente e ver a Aline de verdade, em sua mais pura essência. Falando palavrões, tendo muita vontade de realizar e sonhar. Disso eu não desisto nunca.






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