Ao longo de minha, pouca, experiência como psicanalista pude trabalhar com algumas pacientes com queixas de transtorno alimentar. A maioria delas, jovens mulheres, com muitas angústias relacionadas ao que deveriam ser, como ideal, o que desejam ser e o que os pais desejam delas.
Nas pacientes com transtornos alimentares é nítido o quanto uma magreza idealizada é a principal meta de vida, o que pode ser pensado como resultado de um frágil ego assim o ideal de ego domina.
O idealizado, pregado pela sociedade e pela mãe, é então almejado, ao mesmo tempo inatingível e por isso se vive uma insatisfação crônica em relação ao corpo. Suas exigências são cada dia mais alimentadas, se torturam. Pacientes com compulsão alimentar tem dificuldades no vínculo consigo e com o outro, muita fragilidade e insegurança. Há uma fragilidade de limites, falta de equilíbrio, um excesso de dependência do olhar do outro em detrimento do seu próprio olhar.
Não consegue direcionar seus interesses para outros assuntos, vivem a falta de autoestima baseada na falta de confiança que tem em si mesmo. Há certo denegrimento na imagem de si, como não dando um mínimo de crédito a si mesmos. Vivem em meio ao vazio e insignificância, assim uma dependência exagerada e necessitam da valorização externa. Falam de dietas, sobre como se sentem feias, gordas e menos do que as outras pessoas, constantemente buscam ouvir do outro como as enxerga, pois talvez elas não saibam.
Vivem mais sob o registro da vergonha do que da transgressão. Comem compulsivamente sozinhas, comem sentindo uma perda de controle, um prazer tão contaminado pela culpa. Algumas não conseguem digerir nada e vomitam, outras não comem pois temem perder o controle, enquanto ainda outras comem como se não houvesse amanhã numa orgia alimentar.
Essas mulheres vivem uma dificuldade em se separar dos pais, principalmente da mãe, numa eterna nostalgia da dia de mãe-bebê, revivida em outras relações. Alternam momentos em que vivem a onipotência ou intensa impotência. Mães que sufocam e pais que são ausentes, como são confusas as mensagens que eles lhes transmitiram, por isso, querem ora se separar e ora voltar ao útero materno tão protegido.
Buscam ser olhadas, cuidadas, amamentadas novamente, talvez foram filhas de mães que qualquer choro era “curado” com mamar, ou choraram demais e sentiram fome por um tempo maior que o tolerável.
De qualquer modo, quem sofre de transtornos alimentares dia após dia deixa de viver, pensando em dieta e se sentindo mal no corpo habitado. Querem dar conta de si mesmas e acham que conseguem, mas passam mal, a saúde pede socorro e elas também. Seja pelo excesso nítido ou pela falta da alimentação como passam despercebidos os olhares sobre o que é saudável ou adoecimento. Vivemos tempos em que faltam olhares que de fato enxerguem além.
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