COMPORTAMENTO

Traumas de infância podem te afetar de quatro diferentes maneiras na vida adulta

Quando você pensa em seus primeiros anos de vida, o que vem à sua mente? Pode ser algo como mergulhar em uma tigela fresca de melancia em um dia quente de verão, ou rir enquanto seus pais o empurram para brincar no parquinho, ou então andar de bicicleta com seus irmãos ou ainda
estar vendo um filme debaixo dos cobertores com toda a família reunida em uma tarde chuvosa. Ou então você pode estar entre as muitas pessoas que não têm essas lembranças adoráveis ​​da infância ou que têm lembranças mais sombrias que afastam as felizes.

As experiências vividas na infância são de fundamental importância na construção da personalidade e formação do caráter de todos os indivíduos. É justamente nessa fase que captamos, muitas vezes sem nem saber, valores importantes, que determinarão nossas escolhas para o resto da vida. Muitas vezes a pessoa nem imagina, mas age de tal maneira, devido a traumas de infância.

Na vida adulta, é preciso ter a coragem de encarar os primeiros anos das nossas vidas na busca da verdade do que vivenciamos, sentimos, e na maioria das vezes, reprimimos. Quando sofremos um abuso na infância, não esquecemos o que passamos e sentimos, apenas reprimimos essas lembranças traumáticas em nosso inconsciente. Por isso, ao contrário do que diz o ditado popular, que o tempo cura tudo, o tempo por si só não cura traumas de infância. Exatamente pelo fato de que tudo continua registrado em nosso inconsciente e, principalmente, pelo fato de que trauma precoce afeta as áreas do cérebro.

Quando se vive algum tipo de abuso, o trauma é configurado. O trauma psicológico é um tipo de dano emocional que ocorre como resultado de um algum acontecimento. Pressupõe uma experiência de dor e sofrimento emocional ou físico. Como experiência dolorosa que é, o trauma acarreta uma exacerbação do medo, o que pode conduzir ao estresse, envolvendo mudanças físicas no cérebro e afetando o comportamento e o pensamento da pessoa, que fará de tudo para evitar reviver o evento que lhe traumatizou.

Entretanto, pessoas diferentes reagem de maneiras diferentes em eventos similares. Uma pessoa pode sentir como traumático um evento que outra pessoa pode não sentir, e nem todas as pessoas que passam por experiências traumáticas podem se tornar psicologicamente traumatizadas.

Mas qual a relação entre os traumas de infância e a saúde na vida adulta?

Maus tratos na infância têm um efeito negativo sobre a saúde, pois causam estresse que pode atrapalhar o desenvolvimento do cérebro. E estresse extremo pode prejudicar o desenvolvimento dos sistemas nervoso e imunológico. Como resultado, as crianças que são abusadas correm maior risco de problemas de saúde quando adultos. Estes problemas incluem alcoolismo, depressão, abuso de drogas, distúrbios alimentares, obesidade, comportamentos sexuais de alto risco, tabagismo, suicídio e doenças crônicas.

Pesquisas sobre crianças que sofreram abuso emocional cedo ou privação grave, indica que tais maus-tratos podem alterar permanentemente a capacidade do cérebro de usar serotonina, que ajuda a produzir sentimentos de bem-estar e estabilidade emocional através da alteração do equilíbrio neuroquímica do cérebro, alterando a capacidade da criança de interagir positivamente com os outros.

Outros estudos publicados identificaram associação entre trauma na infância e depressão na vida adulta. Vivências traumáticas na infância, como a perda de vínculos afetivos devido à morte de pais ou de irmãos ou, ainda, a privação de um ou de ambos os pais por separação ou abandono constituem importantes fatores associados à depressão na vida adulta.

Abaixo estão listadas as quatro principais consequências desses traumas na vida adulta:

1. Medo de falar em público

O medo de falar em público está condicionado à reação da plateia. Quem sofre para se expressar acredita que pode ser julgado, mal interpretado, enfim, fantasia uma série de possibilidades negativas.

Muitas vezes, esse receio é decorrente de um trauma de infância, que pode ter ocorrido em casa ou no ambiente escolar. Crianças que são repreendidas, agredidas ou humilhadas diante de uma plateia tendem a ter medo de reviver essa situação. Assim, tornam-se adultos com dificuldade em falar novamente para o público.

2. Agressividade: estímulo pode ter acontecido na infância

Infelizmente os casos de violência doméstica são mais comuns do que se imagina. Para muita gente, a agressão física e verbal é a única maneira de resolver um problema. Crianças que vivem em ambientes como esse, acabam aprendendo, mesmo sem ter muita consciência, que esse é um comportamento aceitável e, no futuro, tendem a repetir o que assistiam em casa.

Pais que se agridem, que estimulam a briga entre irmãos ou castigam a criança de forma violenta, mesmo que verbalmente, podem incitar a agressividade. Por isso, o exemplo é sempre tão importante nessa fase de formação, evitando um trauma de infância a ser carregado para o resto da vida.

3. Baixa autoestima: resultado de muita incompreensão

A baixa autoestima é outro problema que pode ter relação com traumas de infância. Às vezes, sem perceber, os próprios familiares e amigos levam a pessoa a desenvolver uma imagem equivocada de si mesma e de suas atitudes.

Repreender, criticar comportamentos e anseios, pode levar a pessoa a ter a sensação de que nunca será boa o bastante para nada. É importante tratar desse trauma, pois ele pode desencadear problemas ainda mais sérios como a depressão e transtornos de ansiedade.

4. Dificuldade de se relacionar é um dos traumas de infância mais comuns

A dificuldade de se relacionar, seja no âmbito social ou profissional, pode ter relação com traumas de infância. Abusos físicos e psicológicos fazem com que a pessoa tenha receio de se aproximar dos outros e, por consequência, sofrer novamente.

Nem todo mundo relaciona essa dificuldade com alguma questão do passado. Por isso, é importante buscar ajuda profissional. Do contrário, o isolamento tende a crescer com o passar do tempo.

Como tratar os traumas de infância

Para descobrir se os medos e frustrações podem estar atrelados a traumas de infância é importante buscar a ajuda de um profissional psicoterapeuta. Através da psicoterapia você vai poder identificar esses traumas, e ressignifica-los de forma que não atrapalhem sua vida.

O papel da psicoterapia nesse caso é fazer com que o adulto perceba que não é mais aquela criança inocente, submissa, indefesa e despreparada que acreditava ser. Junto com o terapeuta, o indivíduo traumatizado vai encontrar caminhos para redescobrir sua força, sua energia e sua vontade de viver. Para isso, é necessário que o trauma seja revivido não só com lembranças, mas com emoções e afetos correspondentes. É preciso que o sujeito retorne àquele lugar doloroso, mas encontre segurança no meio do caos não elaborado anteriormente. A terapia vai fazer com que o indivíduo organize aquilo que ficou fragmentado no decorrer da vida. As lacunas do viver serão preenchidas por pensamentos de confiança, tranquilidade, força e ousadia para se colocar no mundo de forma ativa e positiva. Essa força será sentida no corpo e na mente

Esses quatro traumas de infância podem ser um atraso na vida de qualquer pessoa, pois dificulta a maneira como ela se relaciona com outras pessoas e com o mundo todo. Portanto, busque ajuda se você se identificou com este artigo.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Pensamento Líquido.
Imagem destacada: Reprodução.

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