COLABORADORES

Um Psicanalista e Os Psicanalistas!

Existem grupos distintos de psicanalistas, dentro destes grupos ainda há distintos psicanalistas.

Jacques Lacan propõe que cabe a cada um reinventar a psicanálise, a partir do que conseguiu tirar da sua experiência como analisando e sua formação analítica, conforme os princípios da descoberta freudiana.

Sigmund Freud, em suas recomendações aos médicos que praticam a psicanálise, aponta que a técnica que desenvolveu, poderia ser posta em prática de uma outra maneira, se fosse uma personalidade médica de outra constituição que a exercesse.

No entanto, no fim do mesmo texto, Freud não deixa de dizer da sua esperança em que a progressiva experiência dos analistas possa os levar a um acordo sobre a técnica mais adequada para o tratamento.

Porém, fato é que, as análises, distintas para cada sujeito, almejam levá-lo ao seu próprio lugar, singular.

Desta forma, quanto aos psicanalistas freud-lacanianos, não é o lugar de Freud ou de Lacan que devem buscar ocupar, imitando seus trejeitos ou tentando copiar seus estilos. Mas, tendo a clínica e os saberes destes como referência, criar um lugar e modo próprio de ser psicanalista, reinventando-o a cada atendimento.

A psicanálise é uma prática que dá ouvido à singularidade e a fala de cada paciente. Há sobre isto um lugar comum no discurso dos psis, quando apontam que “cada caso é um caso”. Assim, podemos pensar ainda que cada psicanalista é um psicanalista para cada caso.

Logo, quando se busca um psicanalista, não se encontra uma solução generalizada para todas as angústias. Como paciente, também é necessário reinventar-se.

 

Referências:

Freud, S. Recomendações ao médico que pratica a psicanálise (1912). In: Sigmund Freud, Obras Completas. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, v.X.

Fuks, Betty B.. (2007). Reinventar a psicanálise. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 10(2), 323-324. Acessado em 04/06/2015, Disponível em: http://goo.gl/jgaonc 

Miller, J.-A. “Entre tradição e transmissão da psicanálise”. In: Silet: Os paradoxos da pulsão, de Freud a Lacan. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2005.

Pedro Costa

Pedro Costa é psicólogo, músico e psicanalista, membro da Associação Clínica Freudiana1, de Uberlândia/MG, e da Casa Plural, de Tupaciguara/MG2. Atende em consultório particular e é professor de música. Saiba mais através da página: facebook/pedrocostapsi. 1 Associação Clínica Freudiana: http://clinicafreudiana.com.br 2 Casa Plural: https://www.facebook.com/casapluraltupaciguara

Recent Posts

Obra-prima da animação que venceu o Oscar está na Netflix e você precisa assistir

Uma pequena joia do cinema que encanta os olhos e aquece os corações.

11 horas ago

O filme da Netflix que arranca lágrimas e suspiros e te faz ter fé na humanidade

Uma história emocionante sobre família, sobrevivência e os laços inesperados que podem transformar vidas.

13 horas ago

Dicas para controlar os gastos e economizar nas compras

Você ama comprar roupas, mas precisa ter um controle melhor sobre as suas aquisições? Veja…

2 dias ago

Minissérie lindíssima da Netflix com episódios de 30 minutos vai te marcar para sempre

Qualquer um que tenha visto esta minissérie profundamente tocante da Netflix vai concordar que esta…

2 dias ago

Saiba o que é filofobia, a nova tendência de relacionamento que está preocupando os solteiros

Além de ameaçar os relacionamentos, esta condição psicológica também pode impactar profundamente a saúde mental…

2 dias ago

‘Mal posso esperar para ficar cega’; diz portadora de síndrome rara cansada de alucinações

Aos 64 anos, Elaine Macgougan enfrenta alucinações cada vez mais intensas conforme sua visão se…

3 dias ago