Eu conheci no final do ano passado um rapaz sensacional chamado João Vale Neto e fiquei encantado como alguém tão jovem tem tanta sabedoria. É nessa hora que vamos fortalecendo em nós a certeza de que maturidade nada tem a ver com idade. Existem jovens como ele que são infinitamente mais maduros do que idosos que não buscaram esse crescimento interior.
Li um lindo artigo escrito por ele e que foi publicado na Revista Bodisatva e me fez refletir sobre o importante tema do honrar os pais, que infelizmente não é bem compreendido, principalmente na sociedade ocidental.
Aproveito esse texto inclusive para explicar melhor algo que boa parte das pessoas não entende direito, que são as fases de desenvolvimento infantil, amplamente desenvolvidas nos livros do psicanalista Sigmund Freud. Tudo que aprendemos ao longo da infância está diretamente ligado aos nossos pais, ao que eles nos transmitiram muito mais pelo exemplo e pelo comportamento do que pelas palavras.
Os traumas, os medos, as inseguranças, as raivas e outras coisas que carregamos até a vida adulta e dificilmente conseguimos superar, tem uma relação com o que os nossos pais nos ensinaram consciente ou inconscientemente.
Por conta dessa teoria psicológica mexer fortemente com o nosso lado mais egóico, quem não busca esse autoconhecimento, quando conversa com alguém ou entra em um meio de terapias, pensa e fala logo assim: “Então é tudo culpa dos pais?”, ou então “Lá vem essa pessoa mais uma vez falar mal dos pais do fulano…”.
Eu escuto esse tipo de frase muitas vezes e nessa hora respiro fundo, porque sei que quem as profere só as profere por desconhecimento e não por convicção, sabe?
É disso que quero falar e esclarecer nesse texto. Os nossos pais são seres humanos, como eu e você. São falíveis, são seres que erram, que estão na escola chamada vida para aprender e para se tornarem pessoas melhores.
Eles têm medos, ansiedades, raivas, mágoas, ressentimentos, como provavelmente você também! Quero propor, a partir das palavras do João Vale, esse exercício de COMPAIXÃO, ou seja, “sentir com” os seus pais! Aprender a olhar para eles com olhos mais amorosos e gentis.
O João sempre diz: “Eles não sabiam fazer diferente”. E também estende a frase para o individual: “Eu não sabia fazer diferente”.
Essa frase tem um poder de cura absolutamente incrível. Tenho a utilizado amplamente com os meus pacientes em atendimento psicanalítico e percebo sua eficácia estrondosa.
Quando falamos isso damos abertura em nosso coração para o PERDÃO, que é a maior de todas as chaves de cura, principalmente na família, que é o foco desse texto.
A Psicologia estuda amplamente a questão da hereditariedade no que se trata da propagação de crenças e costumes de uma geração para outra. Inclusive existe uma linha bastante recente que aprofunda sobremaneira tudo isso. A “Constelação Familiar”, introduzida por Bert Hellinger. Se você ainda não leu nada sobre isso, recomendo! Tem muita coisa boa na internet, principalmente os vídeos da querida terapeuta Simone Arrojo no youtube. Procure! Você vai gostar!
Perdoando os seus pais e acima de tudo, perdoando a si mesmo, você estará abrindo o seu coração para uma cura profunda e duradoura, ou mesmo, permanente.
Imagem de capa: Shutterstock/Purino
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