Estudo científico avaliou os efeitos do treinamento cognitivo com o uso de jogos eletrônicos na prevenção ao Alzheimer e no retardamento dos sintomas da demência. A investigação coordenada pelo neurocientista do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rogério Panizzutti, foi realizada com cerca de 20 participantes, todos idosos e sadios, sendo que alguns apresentam declínio cognitivo leve, mas sem diagnóstico de Alzheimer.
O objetivo foi comprovar a eficácia do treinamento cognitivo computadorizado na prevenção dos sintomas da demência, além de indicar possíveis “dosagens” de treinamento, apontando o número de sessões e a ordem dos exercícios mais eficazes. De acordo com Panizzutti se busca evidências científicas para pleitear uma aprovação terapêutica de órgãos reguladores, como o Food and Drug Administration (FDA) – órgão regulador de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos.
A Dra. Silvana Frassetto explica que o treinamento cognitivo funciona como uma academia de ginástica, só que para o cérebro. Conforme estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), 47,5 milhões de pessoas convivem com algum tipo de demência, sendo que o Alzheimer é responsável por cerca de 70% dos casos.
As especulações em torno do efeito positivo do treinamento cognitivo com uso de jogos eletrônicos na prevenção do Alzheimer são antigas, mas havia poucas evidências científicas. Há dois anos, um documento assinado por mais de 70 pesquisadores das mais renomadas universidades do mundo se opôs “à afirmação de que jogos cerebrais oferecem aos consumidores um caminho cientificamente fundamentado para reduzir ou reverter o declínio cognitivo”.
Em julho deste ano, durante o encontro anual da Alzheimer’s Association, em Toronto, no Canadá, foi apresentado o primeiro estudo em grande escala e de longo prazo com evidências convincentes de que, sim, o treinamento cognitivo com jogos eletrônicos reduz os riscos de desenvolvimento de demência. “Sim, nós podemos dizer que o treinamento cognitivo pode retardar o desenvolvimento dos sintomas da demência. Ou seja, atenuar o declínio cognitivo.
Avanços nas pesquisas
A pesquisa denominada Advanced Cognitive Training for Independent and VitalElderly (ACTIVE) foi realizada com 2.832 participantes, com idades entre 65 e 94 anos, recrutados em 1998. Eles foram divididos em quatro grupos, sendo um de controle, dois com oficinas em sala de aula sobre como melhorar a memória e o último com treinamento cognitivo com uso de computador, especificamente com um exercício conhecido como “speed of processing” (“velocidade de processamento”), sendo que uma parcela recebeu sessões adicionais. O que nós demonstramos foi que os que completaram 11 ou mais sessões de treinamento reduziram o risco do desenvolvimento de demência em 48% no período de dez anos”, aponta Edwards. “Eu acredito que esse treinamento é eficaz porque incentiva os participantes a recuperarem a agilidade no pensamento, a velocidade que perderam naturalmente com o avançar da idade”.
Bibliografia: O Globo, 18/09/2016
Fonte:
Dra. Silvana Frassetto (CRP 07/18986) – É Psicóloga Clínica com Doutorado em Bioquímica (ênfase em Neurociências) pela UFRGS. Possui especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental e Terapia do Esquema (Modelo de Terapia Cognitiva com foco no tratamento de diversos transtornos de Personalidade), pela WP-Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Institute for Schema Therapy, em Nova Iorque. Atua como docente no Curso de Psicologia da ULBRA. Também é professora e supervisora clínica do Curso de Especialização em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental do Instituto WP, da Wainer Psicologia Cognitiva e do Curso de Especialização em Neuropsicologia da PROJECTO. É professora do Curso de Especialização em Psiquiatria do Instituto Abuchaim e tutora do COGMED – método de treinamento desenvolvido por neurocientistas que trabalha a atenção e memória operacional.
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