Verdades e mitos sobre o psicólogo

Por psicóloga clínica Carolina Rodrigues

– O psicólogo é um médico que mexe com a cabeça das pessoas?

O Psicólogo não é um médico, nem mexe com a cabeça das pessoas. O Psicólogo pensa com as pessoas. É um Profissional de Saúde Mental que dispõem de métodos e técnicas científicas que possibilitam a avaliação psicológica e o acompanhamento psicoterapêutico. A situação terapêutica não requer uma relação de poder, mas antes de reciprocidade, onde o Psicólogo e o paciente unem esforços para delinearem um plano e objectivos terapêuticos.

A mudança na pessoa não acontece porque o”Psicólogo mexe com a cabeça” mas sim porque o processo terapêutico possibilita essa mudança.

– Quando e porque devo consultar um psicólogo?

Pode procurar um Psicólogo quando se depara perante problemas e dificuldades que não está a conseguir resolver ou ultrapassar. Também poderá procurar um Psicólogo simplesmente para fazer uma psicoterapia pessoal com o objectivo de auto-conhecimento e valorização pessoal. O Psicólogo é uma pessoa com formação para ajudá-lo nesta viagem de descoberta, resolução e encontro.

– Será que não poderia resolver os meus problemas sozinho?

Existe a ideia generalizada de que se consegue ultrapassar os problemas sozinho mas a verdade é que grande parte deles também não se originou sozinhos, nem de um dia para o outro. Por outro lado, quando vivencia um determinado problema, pode estar de tal modo envolvido que não consegue observar a situação de outra perspectiva, encontrar outros caminhos, ou perspectivar outras soluções. O Psicólogo oferece um auxílio especializado que decorre dos seus conhecimentos, instrumentos e técnicas e por isso é uma ajuda diferente daquela que é obtida através de amigos e familiares. O Psicólogo tem o papel de pensar em conjunto consigo, mostrar-lhe aquilo que ainda não se apercebeu, devolver-lhe uma compreensão do que se está a passar e encontrar formas de ultrapassar essa situação de desconforto.

– O que vão pensar os meus amigos ou familiares se eu procurar um psicólogo?

Cada vez mais se torna recorrente as pessoas procurarem um Psicólogo em algum momento das suas vidas. Mais do que aquilo que as outras pessoas vão pensar da sua decisão, o importante é que está a fazer algo por si, que reconheceu que precisa de ajuda e isso já um passo muito importante.

– Se eu procurar um psicólogo, as outras pessoas vão pensar que estou doente ou desequilibrado?

Não precisamos de estar doentes ou desequilibrados para procurar um Psicólogo, isso é apenas um mito. Um Psicólogo não é um médico, como tal não vê a pessoa sob a perspectiva de doença e por isso as pessoas que recorrem a uma consulta de psicologia também não são pessoas doentes ou desequilibradas.

– Vou pagar para ouvir conselhos?

Não, um Psicólogo não cobra nem dá conselhos, pois não é um conselheiro. O Psicólogo vai estabelecendo consigo associações acerca do que pensa, sente e vivencia, de forma a compreender a dinâmica do problema. Questiona-o muitas vezes. Clarifica-o nos momentos de dúvida e incerteza. Confronta-o quando é necessário. Reformula quando o seu pensamento parece estar preso e contaminado por ideias irrealistas, negativas ou redutoras. Tranquiliza-o nas horas de dor e de sofrimento. Estimula-o, caminhando consigo.

O Psicólogo amplifica o seu campo de visão, leva-o a escutar-se, mostra-lhe os vários caminhos, ajuda-o nas tomadas de decisão mas não decide por si. Acompanha-o e por vezes, vai mais à frente para preparar o terreno mas noutras alturas recua e incentiva-o a enfrentar os desafios, a conquistar os seus objectivos, a concretizar os seus sonhos, mas acima de tudo está ao seu lado para ajudá-lo a ser mais feliz.

– Tudo o que conto ao Psicólogo é confidencial?

Sim, tudo aquilo que se passa nas sessões de psicologia é estritamente confidencial. A confidencialidade faz parte das normas éticas do Psicólogo e é essencial para o decorrer do processo terapêutico.

– O psicólogo vê “através” das pessoas?

Não, as pessoas não são transparentes e o Psicólogo não possui uma bola de cristal, nem é vidente. As pessoas vão se conhecendo através do diálogo, da entrevista e observação clínica, de provas psicológicas, do estabelecimento e construção da relação terapêutica.

– Psicólogos, Psiquiatras, Psicanalistas e Psicoterapeutas são os diferentes nomes de uma mesma coisa?

Não. Os Psiquiatras são médicos com especialização em Psiquiatria. Estes profissionais de saúde são responsáveis pelo tratamento farmacológico dos sintomas e, apesar de considerarem a complexidade e dinâmica da pessoa, focalizam-se principalmente sobre os aspectos fisiológicos das manifestações psíquicas indesejáveis (sintomas).

Os Psicólogos são profissionais de saúde cuja principal função é de avaliação psicológica, pois é essa que é específica do Psicólogo e que o distingue de qualquer outro profissional de saúde mental. Outra das suas funções é o acompanhamento psicoterapêutico. O Psicólogo tem contacto com várias abordagens psicológicas e pode optar por um desses campos teóricos, ou integrar saberes de diversas correntes.

Os Psicoterapeutas são Psicólogos ou Médicos que tiraram uma formação especializada em Psicoterapia numa determinada Sociedade após a conclusão da licenciatura em Psicologia Clínica. Existem diversos ramos de Psicoterapias (Psicanalítica, Cognitiva, Comportamental, Gestalt-terapia, Jungiana, Corporal, Centrada na Pessoa, Sistêmica, Integrativa, Breve, etc.) e o tempo de formação teórica e prática é variável. Um Psicoterapeuta tem um quadro teórico, formação e um setting específicos, objectivos concretos e funções sistematizadas.

Os Psicanalistas podem ser Psicólogos ou Médicos com formação em Psicanálise na Sociedade de Psicanálise. Possuem essencialmente a função analítica e o objectivo é a reestruturação/organização da personalidade através do aclaramento progressivo da dinâmica psicológica inconsciente.

Nota:
Sempre que procurar um Psicólogo não deve ter receio de pedir a carteira profissional e no caso de ser Psicoterapeuta deve certificar-se que a sua formação foi tirada numa Sociedade Psicoterapêutica.

– Quanto tempo dura um tratamento psicológico? Qual é a frequência?

A duração do tratamento psicológico é muito variável. Se for apenas para fazer uma avaliação psicológica, pode demorar cerca de cinco sessões. Se a pessoa pretender iniciar acompanhamento psicológico ou psicoterapia a duração pode ser mais breve ou prolongada de acordo com os problemas e dificuldades da pessoa. Algumas pessoas resolvem os problemas num determinado período de tempo mas depois decidem continuar a psicoterapia porque querem optimizar as suas potencialidades, competências, conhecerem-se melhor ou resolverem outras questões que entretanto surgiram.

A frequência do tratamento deve ser semanal e pode variar entre uma e três vezes por semana. Caso a pessoa não tenha possibilidade de fazer uma psicoterapia mais regular, recomenda-se que pelo menos seja quinzenal.

– Eu terei de tomar medicamentos para melhorar?

Nem sempre é necessário tomar medicação para melhorar, por vezes a psicoterapia basta. Noutros diagnósticos, solicita-se a colaboração de um médico psiquiatra ou neurologista, consoante os casos, para uma orientação farmacológica. Os medicamentos poderão ser tomados num determinado período de tempo e depois em conjunto com o médico decide-se o momento de começar a reduzir, até já não serem necessários.

– As consultas de psicologia são muito caras?

As consultas de psicologia têm um preço de tabela definido mas depois cada Psicólogo adapta de acordo com a população, local e zona onde trabalha. Hoje em dia, muitos Psicólogos trabalham com acordos de saúde e fazem consultas mais econômicas para quem não consegue pagar o preço habitual.

– Como escolher a psicoterapia mais indicada para a minha situação?

Após a avaliação psicológica, o Psicólogo apresenta-lhe uma ou mais psicoterapias indicadas para o seu caso. Esclarece-o acerca das modalidades e procedimentos terapêuticos e ajuda-o a decidir, de acordo com aquilo que será mais benéfico para si. A relação terapêutica é muito importante para o bom desenvolvimento da terapia, portanto deve sentir que o psicólogo lhe transmitir segurança, clareza e confiança.

 

Fonte: http://psicologaclinica.blogs.sapo.pt/11090.html

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