João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, morreu após ser espancado brutalmente por um segurança e por um PM fora de serviço, no supermercado Carrefour, na zona Norte de Porto Alegre às vésperas do feriado da Consciência Negra.
A morte de Freitas é mais um caso de violência racista, que faz parte da nossa realidade cotidiana e revela que os racistas têm uma necessidade patológica de liberar sua raiva contra a presença de pessoas negras em supermercados, estádios, shoppings, bancos, universidades, hospitais e outros espaços públicos.
O Brasil herdou essa pulsão tanática da relação entre a “Casa grande e Senzala”, pois foi o país que recebeu mais de um terço de todos os africanos escravizados e a última nação ocidental a abolir a escravidão.
É por isso que ódio racista se recusa a desaparecer do inconsciente coletivo da sociedade brasileira. Hoje, ele se manifesta em comportamentos e discursos velados ou escancarados, que não aceitam a – ascensão social e estética – de negros e negras no esporte, na cultura, na ciência, na política ou em outras áreas.
O que assistimos no país é o arranjo do racismo institucional, que ganhou espaço nas redes sociais através dos “surtos” de injúria racial, demonstrando que setores da sociedade e do Estado permitem que milhões de afro-brasileiros sobrevivam nas mesmas condições precárias que seus ancestrais.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o percentual de negros assassinados no país é 132% maior que o de brancos. Aliás, as cenas dos socos e chutes deferidos pela fúria dos seguranças do Carrefour – que causaram a morte – de Freitas já entrou nas estatísticas de homicídios de homens negros no Brasil.
Portanto, devemos sempre relembrar que acabaram os privilégios e a dominação de 300 anos da Casa Grande, reafirmar que o racismo é um crime hediondo e inafiançável, e avisar os racistas que vigiem suas línguas perversas na Internet.
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Jackson César Buonocore
Sociólogo e Psicanalista
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