Às vezes, em nossa vida, tudo parece tão obscuro e profundo. Às vezes nossa alma não entende os desdobramentos existenciais que nos chegam. Diante desse conflito, nos perguntamos “Onde está o prumo? Onde está o rumo? Qual a direção? Onde está o caminho?”.
Nós vamos seguindo e nos perguntando “O que é vida? O que é morte?”. E frequentemente sentimos que só há uma resposta: os dois são entrelaçados.
Passamos a entender o que nosso gênio da música, Chico Buarque, quer dizer quando canta “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”. Mesmo vivos, há tanta estagnação! Mesmo movendo-nos, há tantas pausas!
A confusão às vezes é como fumaça: enquanto se está dentro dela, quanto mais se olha, mais a visão se embaça, os olhos ardem, o ar nos falta.
Mediante tudo isso, cabe pararmos e dizermos: talvez isso tudo seja a própria vida nos falando que é preciso ir além, rasgar essa fumaça e poder, enfim, respirar e ver plenamente no ambiente límpido. Porque, por vezes, viver é se quebrar mesmo! Por vezes, viver é mergulhar na própria vida e encontrar um “mundo de montanha-russa”: causa medo e dor, mas quão grande euforia nos proporciona!
De fato, vida é mesmo movimento. Então, deseje que ela aconteça, queira que ela venha a você. Queira vendaval! Queira sopro! Queira turbilhão! Queira sentir eu corpo inteiro pulsar! Queira calor! Queira sentir! Ah, queiro vida!
E, como é típico da vida, ela vem, depois de tudo isso, nos surpreender: mostra-nos como é bonito que sempre dá para respirar, quando chegamos lá na frente. Conseguimos ouvir nossa respiração; a visão parece menos turva; os olhos podem abrir-se sem medo, pois o momento de fumaça passou.
A vida é uma passagem aqui nesse espaço-tempo em que eu posso fazer dela algo maravilhoso. É a possibilidade que eu tenho de construir algo extremamente significativo para mim. Ou seja, é a chance que eu tenho de viver momentos incríveis e únicos! Entretanto, se nos prendermos aos momentos de fumaça, ela se tornará uma mera passagem em branco, uma eterna espera pelo fim da enfadonha existência, uma contagem regressiva para o findar dessa tortura. Portanto, façamos dela aquela aventura que, ao olharmos para trás, em meio a tantos desencontros, esmagamentos existenciais, robustas e profundas ferroadas da “vespa-vida”, possamos dizer “valeu a pena!”. Trocando em miúdos, a vida é o que eu faço dela.
Respiremos, então, e prossigamos – pois, vale a pena.